Hunter Biden acusado de compra e posse ilegal de arma

Filho do Presidente dos Estados Unidos vai a julgamento depois de cair por terra o acordo com o Departamento de Justiça.

Foto
Biden, de 53 anos, está a ser investigado pela maioria republicana na Câmara dos Representantes Reuters/JONATHAN ERNST
Ouça este artigo
00:00
03:32

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos formalizou três acusações criminais contra Hunter Biden, filho do Presidente norte-americano, Joe Biden, todas elas relacionadas com compra e posse ilegal de um revólver em Outubro de 2018.

A acusação contra Hunter Biden deverá chegar à fase de julgamento em 2024 e vem reforçar o carácter insólito da campanha eleitoral para a próxima eleição presidencial nos EUA.

Na primeira metade do ano — no auge das eleições primárias para a escolha dos candidatos dos dois maiores partidos —, o favorito no Partido Republicano, Donald Trump, e o filho do favorito no Partido Democrata, Joe Biden, devem sentar-se no banco dos réus.

Segundo o canal NBC News, duas das três acusações dizem respeito ao facto de Hunter Biden ter mentido no formulário para a compra de um revólver, ao afirmar que não era consumidor de drogas. A terceira acusação é por posse de arma sob a influência de estupefacientes.

No caso de Trump, o ex-Presidente dos EUA foi acusado em dois processos civis e em quatro processos-crime, incluindo dois por tentativa de subversão dos resultados da eleição presidencial de 2020 e conspiração para se manter no poder depois da sua derrota eleitoral.

Fim de acordo

Hunter Biden, de 53 anos, está a ser investigado desde 2018 pelo procurador federal do estado do Delaware, David Weiss, que foi nomeado para esse cargo pelo ex-Presidente dos EUA Donald Trump. Após a tomada de posse de Joe Biden, em Janeiro de 2021, Weiss foi mantido na liderança da investigação por pressão do Partido Republicano.

Nos dois anos e meio que se seguiram, o procurador não terá conseguido reunir provas de que Hunter Biden esteve envolvido em actividades criminosas no âmbito das suas actividades profissionais, como alegam o ex-Presidente Trump e uma grande parte dos congressistas do Partido Republicano na Câmara dos Representantes.

Em Junho, Weiss e a sua equipa fizeram um acordo com a defesa de Hunter Biden, mediante o qual o filho do Presidente dos EUA devia dar-se como culpado de dois casos de evasão fiscal em troca de uma recomendação para que o tribunal o condenasse a uma pena suspensa; ao mesmo tempo, a acusação de posse ilegal de arma ficaria suspensa durante dois anos, e seria arquivada se Hunter Biden não violasse os termos do acordo nesse período.

Esse acordo ruiu em Julho, quando uma juíza forçou as duas partes a regressarem à mesa de negociações; segundo a juíza, não era claro se o acordo — que ela teria de autorizar — livrava Hunter Biden de posteriores acusações.

Em Agosto, depois de o Partido Republicano ter acusado o procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, de proteger o filho do Presidente norte-americano no decorrer da investigação, Weiss foi nomeado procurador especial — um cargo que lhe garante uma significativa independência em relação a Garland, à semelhança do que acontece com Jack Smith, o procurador especial que investigou e acusou Trump nos processos da invasão do Capitólio e da retenção ilegal de documentos confidenciais da Casa Branca.

Investigação republicana​

Hunter Biden é alvo de uma investigação paralela na Câmara dos Representantes. Neste caso, o trabalho da maioria republicana no sentido de tentar ligar eventuais negócios ilícitos de Hunter Biden ao seu pai ainda não produziu os resultados desejados pelo partido.

Na terça-feira, o líder da Câmara dos Representantes, o republicano Kevin McCarthy, autorizou o início de um inquérito com vista à abertura de um processo de impugnação contra o Presidente dos EUA, um passo que é visto como o resultado de meses de pressão da ala mais extremista do Partido Republicano.

Pelo menos 18 congressistas republicanos — todos eleitos em regiões onde Joe Biden foi o candidato mais votado na eleição presidencial de 2020 — consideram que a investigação do seu partido ainda não produziu provas de que o Presidente dos EUA tenha beneficiado com os negócios do filho na Ucrânia e na China.

Sugerir correcção
Comentar