Cultura portuguesa mostra-se em 80 iniciativas em Espanha até ao fim do ano

Programa arrancou esta quarta-feira no Museu do Prado, em Madrid, com uma performance de Carlos Bunga.

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Pedro Adão e Silva sublinhou a importância dos laços culturais entre Portugal e Espanha Matilde Fieschi
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Mais de 80 iniciativas compõem a 21.ª edição do programa Cultura Portugal, que arrancou esta quarta-feira em Madrid e que até ao final do ano vai levar artes e artistas portugueses a 20 cidades de Espanha e Andorra.

A mostra, uma iniciativa da embaixada de Portugal em Espanha, arrancou no Museu do Prado, em Madrid, com uma performance do artista Carlos Bunga e de um grupo de jovens em risco de exclusão social.

Seguir-se-ão iniciativas ligadas às artes plásticas e visuais, à literatura, à música, à dança, ao cinema, ao teatro, à arquitectura e ao design por todo o território espanhol e também em Andorra.

Do programa faz parte uma exposição da Colecção de Arte Contemporânea do Estado (CACE), em Madrid, na residência oficial do embaixador de Portugal, a partir de 20 de Setembro.

Trata-se da primeira mostra da CACE fora de Portugal, depois de, no início deste ano, o Ministério da Cultura ter posto a colecção a circular por diversos pontos do país, para promover o acesso às obras e o alargamento dos públicos.

O programa deste 21.º Cultura Portugal inclui ainda uma "rota de arte contemporânea portuguesa em Madrid", a Cultura Portugal Gallery Walks, que integra os mais de 20 artistas cujos trabalhos estão expostos em galerias da capital espanhola durante a Apertura Madrid Gallery Weekend (14 a 17 de Setembro). Trata-se de uma iniciativa em colaboração com a Arte Madrid e a ARCO Gallery Walks e inclui quatro itinerários.

Ainda em Madrid, será entregue à Biblioteca José Saramago um acervo de livros que a transformarão na "primeira biblioteca especializada em literatura portuguesa" da capital espanhola.

O Cultura Portugal integra também festivais e concertos de fado em Madrid, Sevilha e Andorra, além de espectáculos de outros estilos de música, mostras de cinema, exposições ou debates.

"A internacionalização deve ser um elemento chave da política cultural, porque a criação artística que se faz em Portugal não se faz só no nosso país, encerrada em fronteiras nacionais", disse o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, no Museu do Prado, em Madrid, na apresentação do Cultura Portugal 2023.

O ministro acrescentou que "a cultura desempenha e desempenhou sempre um lugar central na relação de Portugal com o exterior".

"A cultura portuguesa precisa de ser mostrada hoje, não apenas no seu imenso lastro histórico, mas também na grande vitalidade que a atravessa nos nossos dias", disse ainda Pedro Adão e Silva, para destacar, na programação do Cultura Portugal, a exposição da CACE em Madrid e iniciativas com Carlos Bunga e a artista Fernanda Fragateiro.

Adão e Silva considerou que a apresentação e arranque hoje do Cultura Portugal no Museu do Prado foi "um momento muito feliz para os laços que unem" Portugal e Espanha e sublinhou duas iniciativas acordadas entre os dois países no âmbito da cultura: a agenda cultural comum nas regiões transfronteiriças e a "programação cultural cruzada" em torno dos 50 anos de democracia em Portugal e Espanha, em 2024 e 2025.

Também o ministro da Cultura de Espanha, Miquel Iceta, realçou "a relação fraterna" que existe neste âmbito entre os dois países e defendeu que "a cultura não conhece fronteiras e programas como este [Cultura Portugal] são imprescindíveis para fortalecer vínculos, abrir janelas e fomentar o diálogo, a criação e o conhecimento mútuos".

"Por isso nos comprometemos a ter todos os dias cada vez mais Portugal em Espanha e cada vez mais Espanha em Portugal", afirmou.

Invocando Grândola, vila morena e os versos "em cada esquina, um amigo/ em cada rosto, igualdade", o ministro espanhol defendeu que o facto de "uma canção ter sido ponto de partida de uma revolução pacífica e democrática contra uma ditadura é prova irrefutável do poder da cultura a favor da convivência e do progresso".

Pedro Adão e Silva e Miquel Iceta entregaram ainda na ocasião o Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura 2002 ao produtor de cinema Paulo Branco, atribuído em Novembro do ano passado.