Morreu Marc Bohan, antigo criador da Dior, que casou elegância com juventude

Durante quase três décadas, Bohan criou roupas elegantes e femininas para uma clientela rica, que incluía a princesa Grace do Mónaco e a diva da ópera Maria Callas. Tinha 97 anos.

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Marc Bohan com a imprensa parisiense quando se ficou a saber que iria substituir Yves Saint Laurent na Christian Dior durante o período de serviço militar de Saint Laurent Keystone/Getty Images

Marc Bohan, um visionário da moda e o designer mais antigo da Dior, morreu aos 97 anos, informou a casa de moda de luxo francesa.

“A Dior está profundamente triste por saber da morte de Marc Bohan, um visionário imenso e influente que foi director criativo da nossa Maison durante quase três décadas”, afirmou a Dior numa declaração publicada na sexta-feira na rede social X, que destaca “a sua originalidade e modernidade”, garantindo: “Nunca deixaram de nos inspirar”.

Ainda em Setembro de 2021, Maria Grazia Chiuri, que lidera os destinos criativos da Dior há sete anos, assumiu ter desenhado as colecções da casa inspirando-se em Bohan, que era conhecido por modernizar estilos ao soltar silhuetas nas décadas de 1960 e 1970.

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Marc Bohan começou a trabalhar para a Dior na década de 1950 DR/X

Bohan, que morreu a 6 de Setembro, começou a trabalhar para Christian Dior em 1957, criando colecções em Londres. Tornou-se o terceiro director artístico da casa, em 1961, quando lhe foi pedido que liderasse a marca francesa depois de o seu antecessor Yves Saint Laurent ter sido convocado para o Exército francês.

Continuou a supervisionar a marca como director artístico durante quase três décadas, até 1989, desenvolvendo uma reputação de criar roupas elegantes e femininas para uma clientela rica, que incluía a princesa Grace do Mónaco, as estrelas de cinema Sophia Loren e Elizabeth Taylor e a diva da ópera Maria Callas.

Bohan destacava-se por cruzar elegância e juventude, sabendo como tornar um objecto de luxo num artigo para ser usado no dia-a-dia. E, dessa forma, colocava a Dior nas ruas, com clássicos intemporais.

Mas o designer não começou pela Dior. Antes, trabalhou na Piguet, onde esteve entre 1945 e 1949, ano em que passou a ser o assistente do britânico Edward H. Molyneux. Depois, foi convidado a trabalhar na Jean Patou, em 1954, onde se destacou com a sua colecção de alta-costura a ponto de tentar uma carreira em nome próprio, o que não vingaria por falta de fundos.

O fracasso do projecto em nome individual, levou-o aos EUA, onde trabalhou como designer de casacos. Foi por essa altura que lhe pediram que ajudasse Christian Dior (1905-1957) a desenhar uma nova colecção, mas o reconhecido estilista morreu antes de o trabalho ser dado por concluído.

A semente já tinha sido, porém, atirada a terra fértil, e Bohan continuou a desenhar para a Dior, onde conquistou a admiração e respeito da indústria da moda. A sua colecção Outono/Inverno de 1966, por exemplo, que se inspirava no filme Doutor Jivago, ao combinar casacos tweed cintados com botas pretas de cano alto, foi aclamada pela crítica.

Em 1989, trocou a Dior pela Norman Hartnell. As primeiras colecções foram bem acolhidas, mas as dificuldades financeiras da casa, que viria a declarar insolvência, ditaram a sua saída.