Mundial 2023: Começou a festa

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A França, embora sem que o jogo fosse muito interessante, embandeirou em arco com a vitória do seu “quinze” que impôs, em fases de grupo, a primeira derrota aos "all blacks". Iniciou-se assim a grande festa que se pretende que seja este Mundial. Mas, levando a ideia longe de mais com pós escusados de criatividade, os franceses, ignorando e desrespeitando os momentos únicos que representam para os jogadores internacionais o cantar do seu hino, resolveram inventar e torná-los irreconhecíveis. Uma tristeza!

E esqueceram-se também das lições que já receberam das entradas de multidões nos seus estádios - filas que não andavam a tal ponto que houve milhares de espectadores que não chegaram a ver a expulsão do inglês Tom Curry aos quatro minutos do Inglaterra-Argentina. Felizmente, não se pegaram…

Os jogos tiveram, neste primeiro fim‑de‑semana mundialista, os resultados esperados: a vitória, se exceptuarmos a França, dos mais fortes ao longo dos anos. Alguns dos jogos até com resultados que mostram o desequilíbrio ainda existente entre as oito/dez melhores equipas e as restantes — sobre essa matéria, os 82-8 da Irlanda sobre a Roménia, ou os 52-8 da Itália sobre a Namíbia, são eloquentes.

O jogo "bleus"-"all blacks", jogado sob uma terrível temperatura superior a 30 graus, o que provocou enorme desgaste nos jogadores, teve dois excelentes ensaios, um para cada equipa, e com o modelo de jogo francês a determinar a sua vitória - 61% de domínio territorial graças ao seu já habitual desapossamento, mas onde a incapacidade neozelandesa, com quase o dobro de ultrapassagens da linha-de-vantagem, foi notória.

Serve-lhes, para manter a esperança, o facto de o Mundial não se ganhar em Setembro, mas apenas em Outubro — não deixo de recordar o último ensaio francês, em que o desgaste de Richie Mo’unga era tal que nem conseguiu saltar para captar a bola, deixando-a ao alcance de Jaminet.

Com o recurso ao “bunker” – onde um vídeo árbitro tem oito minutos para decidir se um amarelo passa a vermelho -, o Inglaterra-Argentina viu os ingleses a ficarem em inferioridade numérica desde os quatro minutos por cartão vermelho ao asa Tom Curry. E a partir daí viu-se um tratado de competência táctica individual - o que diz bem da sua formação - dos jogadores ingleses.

Com menos um jogador durante 76 minutos, tiveram também menor domínio territorial e menor posse da bola, mas ganharam! Fazendo 151 placagens, das quais 51 (é obra!) do seu cinco-da-frente. E George Ford, o seu médio-de-abertura, foi o herói do dia com três pontapés de ressalto e seis penalidades, marcando o total dos 27 pontos da sua equipa.

Como seria de esperar a Argentina não resistiu à pressão e sofreu 13 penalidades para além de ter visto esbater-se a qualidade da sua formação-ordenada, arma que imporia no jogo mas que, na realidade e das 13 realizadas, apenas ganhou quatro…

Com um África do Sul-Escócia de enorme importância para o apuramento neste “grupo da morte”, mas sem grande interesse enquanto jogo jogado, chegámos ao último jogo e do grupo dos “lobos”: o País de Gales-Fiji, que foi o melhor de todos. Um espectáculo! Com oito ensaios — quatro para cada lado —, uma enorme intensidade, mas também uma enorme determinação defensiva galesa (253 placagens!), o jogo não deixa grande sossego para a equipa portuguesa. Fiji transportou a bola 655 metros e ultrapassou 89 vezes a linha-de-vantagem; Gales, com 39% de posse de bola, marcou 4 ensaios…

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