Palcos da semana: terror, tempestades, o futuro e O Canto do Cisne

Os Encontros da Imagem ensaiam o futuro, o Motelx abre as portas, Júlio Cardoso dá corpo a Tchékhov e A Tempestade assenta a dois tempos.

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Júlio Cardoso interpreta O Canto do Cisne no 50.º aniversário da Seiva Trupe João Tuna
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Uma das fotografias exibidas nos Encontros da Imagem Gideon Mendel
,Festival de Cinema de Sundance
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Infinity Pool, de Brandon Cronenberg, um dos filmes projectados pelo Motelx Cortesia Neon e Topic
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Pedro Cabrita Reis assina a cenografia d'A Tempestade Nelson Garrido
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Clemens Schuldt dirige o primeiro concerto do ciclo Vista do Espaço a Terra Era Azul Marco Borggreve
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Cardoso por Cardoso

Um velho actor interroga-se sobre o teatro, o seu ofício, as glórias, os insucessos, a aproximação do fim, o vazio, a vida e o seu sentido. É O Canto do Cisne, o clássico de Anton Tchékhov. Veste-lhe a pele um actor histórico, Júlio Cardoso, enquanto Nuno Cardoso encena.

Não é que este se sinta a encenar. Está perante um actor que “não precisa de projecto, terreno, tijolo ou mão de mestre”, cita a folha de sala. “Estou a servir de testemunha”, acrescenta. “Estou a ver o Júlio a viver, a respirar, ou seja, a fazer teatro”.

A data da estreia não é pura coincidência. O dia 11 de Setembro marca o 50.º aniversário da Seiva Trupe, companhia portuense de que Júlio Cardoso, hoje com 85 anos, foi um dos fundadores.

É com este “monólogo sobre a dignidade do ser humano e a passagem do tempo” que o Teatro Nacional de São João se associa à celebração, numa peça que também serve para subir o pano da sua nova temporada.

Futuro ensaiado

Perto de meia centena de exposições de artistas de mais de 40 países, distribuídas por 24 espaços de quatro cidades, montam um Ensaio para o Futuro. É este o fio condutor da 33.ª edição dos Encontros da Imagem - Festival Internacional de Fotografia e Artes Visuais.

Alberga temas como representatividade, inclusão, sustentabilidade ambiental ou movimentos sociais, seja nas utopias de Agnieszka Sejud, no Drowning World de Gideon Mendel, nos “corpos que falam” de Pauliana Valente Pimentel, na Madre de Marisol Mendez ou na monstruosidade segundo Matthieu Croizier.

Na moldura dos encontros cabem ainda conversas, apresentações de livros, conferências, sessões de cinema e outras actividades.

Ecoterrores e exorcismos

O vírus implacável de The Animal Kingdom, de Thomas Cailley, e as nuvens mortalmente negras de Acid, de Just Philippot, fazem as honras de abrir e encerrar, respectivamente, a 17.ª edição do festival “onde o terror é o prato do dia”. No total, este Motelx projecta mais de cem filmes que representam “o que de mais aterrorizante se produz para o grande ecrã”, assegura a organização.

O lote inclui o director’s cut de Infinity Pool, o mais recente de Brandon Cronenberg, que, enquanto convidado especial, é alvo de uma retrospectiva e vem dar uma masterclass. Outros nomes a fazerem check-in no festival são o indiano Anurag Kashyap, o espanhol Paul Urkijo Alijo, a norte-americana Winnie Cheung e o brasileiro Rodrigo Teixeira.

Voltando ao cartaz, destacam-se ainda A Semente do Mal de Gabriel Abrantes, Tiger Stripes de Amanda Nell Eu e Mister Organ de David Farrier, bem como a celebração de duas efemérides: o centenário d’Os Olhos da Alma que Roger Lion rodou na Nazaré (com Surma a dar-lhe música ao vivo) e os 50 anos de um dos maiores clássicos do cinema de terror: O Exorcista de William Friedkin.

Dias de tempestade musical

A Tempestade de William Shakespeare já foi às tábuas vezes sem conta. Mas esta é a primeira vez que, em Portugal, é levada à cena juntamente com a música incidental que Jean Sibelius compôs para o texto do dramaturgo inglês.

É o que garante a equipa que leva à cena este espectáculo de “teor epopeico e onírico declarado”, em que a história de Próspero pretende provocar uma reflexão sobre “as dialécticas entre o indivíduo e os mecanismos políticos do poder” nos dias de hoje.

A encenação é de António Pires. A cenografia vem assinada pelo artista Pedro Cabrita Reis. Da direcção musical trata o maestro Cesário Costa.

Escutar o planeta

Também a Casa da Música está prestes a receber A Tempestade. Mas, neste caso, a de Tchaikovsky, dirigida por Clemens Schuldt. Faz parte do programa do concerto inaugural de Vista do Espaço a Terra Era Azul, um ciclo em que todas as partituras confluem para pensar a relação do ser humano com a natureza, evocando ora grandes paisagens, ora novos mundos, ora alertas climáticos.

Estão alinhados cinco concertos, um deles comentado. Estão entregues aos agrupamentos da casa (Orquestra Sinfónica, Remix Ensemble e Orquestra Barroca) e são habitados por compositores como Dvorák Milhaud, Vivaldi, Telemann, Birtwistle ou Liza Lim.

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