EDP Comercial baixa preços do gás natural em Outubro
A EDP vai reduzir em 26% a componente de energia das facturas de gás natural, o que poderá traduzir-se numa descida média mensal de 20% da factura dos seus clientes, a partir de 1 de Outubro.
A EDP Comercial, a empresa com mais clientes do segmento residencial no mercado liberalizado de gás natural, vai descer os preços em Outubro.
A empresa do grupo EDP adiantou ao PÚBLICO que “tem condições para reduzir a componente de energia da factura dos clientes residenciais, em média, em 26%, a partir de 1 de Outubro” graças a “alguma melhoria sentida nos mercados internacionais de energia para a aquisição de gás natural”.
A componente de energia é a parte da factura que o comercializador pode controlar (há custos fixos fixados pelo regulador da energia, bem como taxas e impostos) e diz respeito aos custos de aquisição da energia com que abastece a sua carteira de clientes.
A redução de 26% nesta componente representa uma descida média mensal de seis euros, o que poderá resultar numa descida média da factura de 20% para as famílias abastecidas pela EDP Comercial, adiantou a empresa, que já em Abril tinha anunciado descida de preços.
De acordo com o boletim do mercado liberalizado de gás natural da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), em Junho, a EDP Comercial tinha 44% dos 1,065 milhões de clientes no segmento residencial (menos 4,9 pontos percentuais face ao mês homólogo) no mercado livre, o que se traduz em cerca de 420 mil clientes que poderão beneficiar da descida de preços em Outubro.
Na comparação periódica que a entidade reguladora faz entre as ofertas das várias empresas, entre 13 propostas tarifárias (dados do segundo trimestre), a EDP Comercial figurava como uma das mais caras, em nono lugar.
Para uma família de quatro pessoas, a proposta da EDP Comercial era de 53,84 euros/mês, mais do dobro da tarifa do mercado regulado, 25,68 euros/mês, que continuava a ser a mais competitiva do mercado e que beneficia do facto de o mercado regulado ser abastecido através de contratos de longo prazo (com preços mais baixos), com o fornecedor Nigeria LNG.
Regulado cresce
Faz por esta altura um ano que o nível de preços do gás nos mercados internacionais levou as empresas a anunciarem grandes subidas nos seus tarifários: no caso da EDP Comercial, que em Outubro de 2022 tinha cerca de 650 mil clientes de gás, foi anunciada uma subida média de 30 euros da factura.
No final do Verão passado, ainda no pico da crise energética, agravada também pela subida dos custos de transporte, os preços no mercado de referência europeu, o TTF, estavam a rondar os 280 euros por megawatt-hora (MWh).
Esta sexta-feira, dia 8 de Setembro, o contrato do TTF para Outubro vale cerca de 36 euros por MWh e nos últimos três meses tem andado na casa dos 30 a 40 euros MWh, permitindo às empresas melhores condições de aquisição.
Mas, no ano passado, para mitigar o impacto das subidas de preços nas famílias, o Governo permitiu o regresso dos consumos mais baixos (clientes residenciais e pequenos negócios) ao preço regulado e, desde então, o mercado livre perdeu alguns milhares de clientes.
Em Setembro do ano passado, havia 1,212 milhões de famílias no mercado livre, contra 1,065 milhões em Junho (dados mais recentes da ERSE), uma redução de 147 mil clientes residenciais.
Visto de outra perspectiva, entre entradas directas e saídas do mercado livre, nestes meses o mercado regulado ganhou 165 mil novos clientes residenciais, para um total de 399 mil (dos 438 mil que existem no regulado).
O grupo EDP também recebeu alguns destes clientes, já que tem uma comercializadora de gás no mercado regulado, a EDP Gás Serviço Universal, que actua em 29 municípios dos distritos do Porto, Braga e Viana do Castelo.
Embora o segmento de clientes residenciais represente cerca de 95% do total do mercado liberalizado (onde estão perto de 1,125 milhões de clientes), em Junho representou apenas 6,3% do consumo total (que foi de 2456 GWh, menos 11% face ao mês homólogo).
Os pequenos negócios representaram 2,9%, os industriais 12,7% e os grandes consumidores 78%. Em termos de consumo abastecido (volumes vendidos), a Galp continua a liderar, com uma quota de 49,2%.