BYD Seal promete alcance até 570 km e bateria que dá mais força e segurança ao veículo
A chinesa BYD pode ser uma entrada recente no mercado automóvel europeu, mas é veterana no fabrico de baterias. O Seal é prova disso: a bateria faz parte da segurança e design do novo sedan eléctrico.
O BYD Seal não quer ser só mais um sedan eléctrico a entrar no mercado europeu, com promessas de mais alcance e poder. Nem uma versão chinesa, mais em conta, do que um Tesla Model 3, com que é comparado. A BYD quer mostrar que perceber de baterias faz a diferença.
Além de percorrer distâncias superiores a 500 quilómetros entre carregamentos, o mais recente modelo da tecnológica de Schengen a chegar à Europa destaca-se por ser o primeiro com tecnologia CTB (cell to body, em inglês) em que que a fonte de energia é uma componente estrutural da carroçaria do veículo. Quem entra no novo Seal, pousa os pés sobre a bateria em vez de numa plataforma de metal. Isto permite poupar espaço (o tejadilho é notoriamente baixo para um eléctrico), dar mais estabilidade ao veículo e aumentar a segurança — mais do que uma fonte de energia, a bateria protege o Seal.
“A bateria já não é como um bebé vulnerável que precisa de algo a protegê-la. É como um adulto forte, capaz de defender o veículo”, comparou Weijie Zhang, o engenheiro que liderou o desenvolvimento do Seal, numa apresentação do veículo a jornalistas em que o PÚBLICO participou, em Munique, na Alemanha.
O foco na bateria não é de estranhar — a BYD pode ser uma entrada recente no mercado automóvel europeu, mas é uma veterana no desenvolvimento de baterias recarregáveis desde meados dos anos 1990, com a Apple, a Xiaomi, a Dell e a Samsung entre os principais clientes. A experiência é uma mais-valia, numa altura em que a União Europeia se aproxima do fim da venda de veículos a combustão.
A arquitectura CTB do BYD Seal só é possível graças às células em lâmina (blade battery), desenvolvidas pela própria empresa e que usam ferro e lítio em vez de cobalto. Isto afasta preocupações ambientais associadas à extracção de cobalto e torna as baterias menos sensíveis às flutuações de temperatura. Esta característica é útil em países com temperaturas mais baixas, onde a bateria pode demorar mais para aquecer no arranque e ajuda as células a suportar mais ciclos de carga e descarga sem perder a capacidade.
A estrutura da bateria do Seal, com painéis dispostos na forma de favos de mel, também ajuda a suportar o impacto de colisões.
Duas versões
O novo modelo, com um design inspirado no oceano e uma configuração de cinco portas, promete uma velocidade máxima de 180 km/h e assenta sobre a e-Platform 3.0, comum aos outros veículos da marca na Europa. O recarregamento em corrente contínua (DC) repõe a energia de 30% a 80% em menos de meia hora (26 minutos).
Há duas versões disponíveis: Design e Excellence-AWD. Como o nome sugere, o modelo de topo, o Seal Excellence-AWD, oferece tracção às quatro rodas (AWD) e uma potência de 390 kW que permite chegar dos 0 aos 100 km/h em menos de quatro segundos; o alcance ronda os 520 km. O Seal Design promete uma potência de 230 kW com tracção nas rodas traseiras (RWD) e um alcance que ronda os 570 km; precisa de cerca de seis segundos para chegar aos 100 km/h.
Independentemente da escolha, o habitáculo é forrado com uma mistura de pele e camurça com tons suaves que lembram o fundo do mar. Qualquer Seal vem com um ecrã rotativo de 15,6 polegadas, compatível com reconhecimento de voz. O monitor é impressionante, embora numa primeira utilização possa ser confuso navegar os diversos menus. Encontrar a função para remover o alerta sonoro quando o carro se aproxima das guias da estrada não foi fácil quando o PÚBLICO testou o carro em Munique (e foi um tanto incomodativo quando a alternativa a evitar as guias era conduzir na faixa oposta).
Em geral, porém, o carro é reactivo e dá uma sensação de segurança, mantendo-se estável nas curvas e contracurvas, sem perder força mesmo nas subidas mais estreitas.
Design (mais) europeu
Visto da estrada, o Seal cumpre a proposta de design. O carro parece estar a cortar entre as ondas com a dianteira em forma de X, linhas bem definidas e puxadores retrácteis nas portas que facilitam a passagem do ar, aumentando (potencialmente) o alcance do carro.
Foram feitas algumas adaptações exclusivas para o mercado europeu, com o slogan Build Your Dreams (construa os seus sonhos, em português) a ser retirado das traseiras do veículo. Ficam as siglas, mais discretas. “Ouvimos os nossos parceiros que pediram um design menos óbvio”, salientou Weijie Zhang.
Ainda a nível do design, a arquitectura CTB garante que os ocupantes dispõem de bastante espaço no interior, apesar do perfil baixo do carro. Além de uma mala de 400 de litros nas traseiras, a bateria estrutural deixa espaço para uma bagageira adicional de 53 litros por baixo do capot.
As primeiras entregas do BYD Seal aos concessionários portugueses começam no quarto trimestre de 2023, com previsão de chegada aos clientes finais a partir de Novembro. Ainda não há informação sobre os preços em Portugal, embora a marca acentue que serão “competitivos”. “Premium pode ser sinónimo de acessível”, frisou Mike Belinfante, director sénior de relações públicas da BYD Europa, na apresentação em Munique. Resta esperar para ver.
A Fugas viajou a convite da BYD