Preços do petróleo sobem depois de anúncio de mais cortes de produção
Numa altura em que se antecipa que a procura de petróleo atinja novo recorde este ano, os principais exportadores estão a cortar a produção, levando a que os preços aumentem.
Os preços do petróleo estão a aumentar a ritmo acelerado e o barril da matéria-prima já ultrapassou os 90 dólares, uma fasquia que não era atingida desde Novembro do ano passado. O movimento é registado depois de dois dos maiores produtores do mundo, a Arábia Saudita e a Rússia, terem anunciado a prolongação dos cortes de produção já em vigor.
Os anúncios foram feitos nesta terça-feira, de forma independente. Do lado da Rússia, o vice-primeiro-ministro, Alexander Novak, declarou que o país vai estender a redução voluntária de produção em 300 mil barris por dia até ao final deste ano, de forma a “manter a estabilidade e o equilíbrio” nos mercados. Este corte, acrescentou, será revisto mensalmente, estando em cima da mesa a possibilidade de “aprofundar o corte na produção ou de aumentar a mesma, dependendo da situação do mercado”, de acordo com as declarações do governante russo citadas pela Reuters.
Já na Arábia Saudita, a agência noticiosa estatal SPA avançou, citando fonte oficial do Ministério da Energia saudita, que o país vai prolongar o corte de produção em um milhão de barris por dia até ao final deste ano. Também aqui, o corte de produção será revisto mensalmente e poderá ser prolongado ou interrompido.
Os dois países, recorde-se, fazem parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleos e seus aliados (a chamada OPEP+, que inclui a Rússia) e são dois dos maiores exportadores desta matéria-prima. E, para lá do alargamento dos cortes anunciados pela Arábia Saudita e a Rússia, a OPEP+ já tinha decidido, em conjunto, cortar a produção de petróleo até ao final de 2024.
Com as perspectivas de uma redução da oferta, os investidores reagiram de imediato e os preços do petróleo atingiram máximos de vários meses nos principais mercados, sobretudo numa altura em que se antecipa que a procura de petróleo vai atingir um novo recorde este ano, de acordo com as estimativas da Agência Internacional de Energia.
“Os sauditas já tinham sinalizado que tomariam uma decisão desta natureza no mês passado, mas o corte agora anunciado ainda apanhou o mercado de surpresa. Mais uma vez, isto prova que o príncipe Abdulaziz [o ministro saudita da Energia] se mantém firme no modo de fazer custe o que custar”, comenta uma analista da RBC Capital Markets, citado pela Reuters, sobre a estratégia que a Arábia Saudita tem seguido para manter os preços do petróleo em alta.
Por esta altura, o barril de Brent, transaccionado em Londres e que serve de referência para o mercado europeu, está a negociar na casa dos 89 dólares, mas, nesta sessão, já chegou a ultrapassar os 90 dólares, naquela que foi a primeira vez que ultrapassou esta fasquia desde meados de Novembro do ano passado. Já o West Texas Intermediate (WTI), negociado em Nova Iorque, está a valorizar mais de 1% e a cotar nos 86,5 dólares por barril.