O desafio já foi lançado a toda a população da aldeia de Maçainhas, no município da Guarda, mas Maria do Céu Reis, presidente da associação O Genuíno Cobertor de Papa, gostava de ver o gesto replicado nos mais variados pontos do país. “Seria bom se, este fim-de-semana, as pessoas colocassem os seus cobertores de papa pendurados nas suas janelas”, sugere, confiante de que este simples gesto possa ajudar a alertar para a importância de se preservar este produto tradicional português, produzido com lã churra.
Fica o repto para todos aqueles que têm cobertores de papa guardados em casa. Outra hipótese pode (e deve) passar por rumar à aldeia de Maçainhas, onde este sábado e domingo acontece o Festival do Cobertor de Papa, e ficar a conhecer, em detalhe, todos os passos que estão por trás da produção deste abrigo de pêlo comprido. “Vamos ter uma exposição para demonstrar como é feito cada cobertor”, desde a tosquia das ovelhas até à secagem das mantas, ao sol, anuncia Maria do Céu Reis.
Nesta que é a primeira edição do Festival do Cobertor de Papa, evento que integra os Festivais de Cultura Popular da Guarda, também estão previstos ateliers, debates e instalações artísticas, acompanhados por música tradicional e gastronomia típica da região. A antiga fábrica de cobertores José Freire, que funciona agora como sede da associação O Genuíno Cobertor de Papa, vai ser o epicentro da festa que tem início previsto para as 15h de sábado, estendendo-se até às 17h de domingo.
“Vamos ter teares onde os visitantes vão poder estar a tecer, exposição e venda de produtos, e também a apresentação de um filme que retrata todo o processo de produção do cobertor de papa”, destaca a presidente da associação, que tem em mãos um projecto com vista à certificação deste produto serrano.
Durante a tarde de domingo, será também realizado o debate “Cobertor de Papa, um ecossistema em risco de extinção”, com a participação de Elisa Pinheiro, antiga directora do Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior.
No que toca à gastronomia, está garantida uma demonstração “da arte de fazer o queijo” (domingo, a partir das 14h), um porco no espeto (sábado, a partir das 21h) e uma mesa onde não faltarão “enchidos, bola parda, peixinhos da horta e carapaus em molho de escabeche”, anuncia Maria do Céu Reis.
E o melhor de tudo é que os visitantes poderão sair de Maçainhas verdadeiros conhecedores do processo que culmina num cobertor pesado e quente, contribuindo, assim, para a valorização de um produto que pode estar em vias de extinção.