Hugh Hefner ficou surdo por tomar demasiado Viagra, diz a viúva Crystal em novo livro
Crystal Harris tinha menos 60 anos do que o marido, fundador da Playboy. Durante uma década viveu na mansão, onde quase todas as noites havia orgias. “Foi um ambiente duro e cruel”, conta agora.
Crystal Harris foi a última mulher do polémico fundador da Playboy, Hugh Hefner. Durante seis anos, depois da morte do marido, manteve-se em silêncio sobre como era viver com o “profeta do hedonismo pop”. Agora conta tudo, de bom e de mau, num livro de memórias intitulado Only Say Good Things (“Diz apenas coisas boas”, em português). Terá sido o que lhe pediu Hefner, quando morreu, mas Crystal decidiu não cumprir.
A antiga coelhinha da Playboy deu uma série de entrevistas, como ao Daily Mail ou ao New York Post, em antecipação ao lançamento do título. Crystal começa por recordar a morte do marido, em Setembro de 2017, época em que surge também o movimento MeToo. “A vida de Hef, aos 91 anos, terminou com o auge do MeToo. Foi coincidência? Não acredito.”
Mais do que ter ressentimentos para com o magnata — quer retirar o apelido Hefner e voltar ao nome de solteira —, Crystal diz que o livro é uma catarse, fruto de momentos de introspecção. Terá sido num desses momentos em que se apercebeu ter próteses mamárias demasiado “grandes”, comparando-se a “uma boneca insuflável chinesa”. Também “odiava” ser tão loira, usar saltos altos ou roupas sexualizadas. Dessa época, só guarda, como recordação, o fato de coelhinha.
Hefner e Crystal conheceram-se quando a jovem tinha 21 anos, numa festa de Halloween na mansão Playboy. Harris cresceu no Reino Unido, mas foi nos EUA que começou a estudar psicologia, um ponto em comum com o empresário. Envolveram-se no mesmo dia em que se conheceram, naquela que ela pensou ser “apenas uma noite”, sem compromisso.
Mas não foi. Casaram-se na véspera de Ano Novo, em 2012, quando a noiva tinha 26 anos e o noivo 86, mais 60 do que a nova mulher. A diferença de idade não a incomodou inicialmente, mas, nos últimos anos de vida, o marido começou a precisar cada vez mais dos seus cuidados.
Foi difícil sobretudo por não ter qualquer apoio, apesar de a mansão estar cheia de mulheres. “Só agora é que estou a aprender o que significa a amizade entre mulheres, e saber o que é ter alguém que queira o melhor para nós, alguém em quem possamos confiar. Foi um ambiente duro e cruel, por muito tempo.”
A pior parte do casamento terá sido mesmo a reclusão na mansão da Playboy. Hefner, queixa-se, nunca a deixava sair de casa. Não faziam viagens, nunca foram à praia, “nem à Disneylândia”, como sempre quis. Se o marido estivesse em casa, às 18h havia recolher obrigatório para todas as coelhinhas e a ementa do jantar era sempre a mesma: canja e macarrão com queijo.
Depois da refeição, ora havia sessão de cinema, ora uma orgia. “Era muito constrangedor. Não conhecia a maioria das pessoas no nosso quarto. Era tipo ‘agora é a tua vez’”, conta ao Daily Mail. As mulheres, relata, estavam lá contrariadas, apesar de Hefner pensar o contrário e ainda sentir que era desejado.
Aos domingos, era o ponto alto da semana, com orgias que chegavam às 200 mulheres. Para isso, Hefner tomava Viagra “sem parar”, tanto que ficou surdo de um ouvido, revela Crystal. “Hef dizia sempre que preferia ser surdo e poder continuar a fazer sexo.”
Agora, com distância, Crystal compreende que a relação não era saudável. “Tudo o que posso dizer é que, quando se tem uma infância com amor e felicidade, não se acaba com alguém que tinha 60 anos quando nascemos”, defende. Ao ver as fotografias de ambos, diz ter pena de si própria — “era quase uma criança”. Só encontrou a paz ao perceber que Hefner a amou “da melhor maneira que sabia”.
Actualmente, vive graças ao dinheiro deixado pelo marido — “narcisista e misógino”, descreve —, bem como do trabalho enquanto influencer e presidente da fundação de Hefner. Quanto ao amor, tem dificuldade em manter relacionamentos duradouros e continua atraída por homens mais velhos. “É horrível.”