Presidenciais? Portas responde a Mendes: prioridade da direita é construir alternativa a Costa

Na Universidade de Verão do PSD, o antigo líder do CDS manteve a reserva sobre a sua disponibilidade para ser candidato às presidenciais.

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Portas gracejou com a sua rentrée no próximo domingo na TVI Rui Gaudêncio
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Foi apresentado pelo director da Universidade de Verão (UV) do PSD, Carlos Coelho, como um político conhecido por intervenções “certeiras e viperinas”: Paulo Portas, um dos nomes apontados para a corrida a Belém, acabou por deixar um recado a Marques Mendes, que, há dois dias, colocou as presidenciais na agenda. “A mim parece-me que, para o espaço não socialista, a prioridade é construir uma alternativa que suceda a António Costa, não é encontrar um sucessor para o professor Rebelo de Sousa”, disse o antigo líder do CDS, aplaudido pelos jovens sociais-democratas.

Desde que, ao final da tarde, chegou a Castelo de Vide, onde decorre a iniciativa do PSD, o antigo vice-primeiro-ministro fez por manter reserva sobre a sua disponibilidade para ser candidato em 2026. Mas acabou por aproveitar uma pergunta de um aluno da UV, já depois de mais de hora e meia de conferência, para deixar a ideia de que, para a direita, não é útil falar já de presidenciais quando as legislativas deverão realizar-se primeiro. Apesar de a sua intenção ser a de se focar em temas internacionais, Portas gracejou com a oportunidade que lhe foi dada: “Obrigadinho pela pergunta, foi muito indirecta.”

Já sobre uma possível candidatura, o antigo líder do CDS manteve o tabu. “Quando vinha para aqui, li que esta era a minha rentrée, a minha rentrée é no domingo no Global, falarei de eleições presidenciais, mas das presidenciais dos Estados Unidos, que são em 2024”, disse no arranque do jantar-conferência numa referência ao seu programa de comentário na TVI, que será retomado no domingo após as férias.

Apontado como um nome presidenciável no espaço à direita, Portas esfriou as expectativas sobre a possibilidade de entrar na corrida a Belém depois de ter aceitado ser administrador não executivo da Mota-Engil. Mas o próprio ainda não deu a questão por encerrada. Também não foi esta noite que dissolveu as dúvidas.

Dirigindo-se a Carlos Coelho, com quem Portas esteve na direcção da JSD da distrital de Lisboa, na década de 1980, antes de integrar o CDS, Portas agradeceu o convite: “Quando deixei a actividade política, não disse que ia ser um eremita, tenho gosto em partilhar as minhas ideias.”

Perante quase 100 alunos da UV, com uma média de idades de 21 anos, Portas falou da ascensão e fraquezas da China, das fragilidades da Europa, do politicamente correcto e da guerra da Ucrânia.

“Vocês vão ser crescentemente seduzidos pela ideia de cansaço da guerra. A guerra é um insulto à inteligência desde o primeiro dia. Qual é a arma de Putin? É o cansaço. (…) No século XXI, não é aceitável que um país ocupe outro e se instale num país soberano. Se Putin prevalecer na Ucrânia, não pára na Ucrânia. O próximo passo é dentro das fronteiras da Europa e da NATO”, afirmou. Nesse sentido, sublinhou, é preciso que a “Europa faça tudo ao seu alcance para que ele não tenha vitória na Ucrânia”.

Por várias vezes durante a intervenção, em que bebeu alguns cafés, Portas deixou alertas sobre a “chamada democracia digital”, advertindo para os perigos das “vanguardas políticas das redes sociais”. “Tomem cuidado com o que vos prometem, o paraíso ou a magia, isso não existe”, alertou, lembrando que 99% das questões das sociedades contemporâneas são complexas e “não se resolvem com um tweet”.

No final, o antigo líder do CDS tirou fotografias (e não selfies) com grupos de alunos.

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