Fé e revolução: Padre Pio, de Abel Ferrara

Este é o melhor filme do Ferrara europeu. Disponível na Filmin.

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Padre Pio não é filme para tempos em que o sectarismo voa alto
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A relação com o catolicismo já estava bem presente em muito do trabalho nova-iorquino de Abel Ferrara, mas desde que ele se radicou em Itália e se tornou um “cineasta italiano”, no princípio da década passada, por certo que nunca como em Padre Pio tinha articulado tão profundamente uma preocupação antiga e um lugar, e uma História, que para ele são novos: a Itália da viragem dos anos 1910 para os anos 1920, a emergência dos movimentos socialistas e, em reacção, do fascismo, e, no meio disto, a figura (autêntica) do Padre Pio. Autêntica, mas pouco importa se o filme procura a autenticidade do retrato (outros a julgarão melhor do que nós), porque é evidente, a partir da primeira conversa com Satanás, que este Padre Pio é uma personagem ferrariana até à medula, um depósito contraditório de remorsos, culpas, tentações, e uma fortíssima compulsão para o sacrifício como miragem expiatória, não muito distante, mutatis mutandis, dos bad lieutenants e afins que Ferrara filmou na América.

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