Altice: Ana Figueiredo acompanha Drahi em encontros com investidores

A presidente da Altice Portugal vai a Londres e Nova Iorque com o fundador do grupo numa operação de charme depois do escândalo de corrupção e fuga ao fisco com epicentro em Portugal.

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Patrick Drahi e Armando Pereira já foram sócios na Altice daniel rocha
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A líder executiva da Altice Portugal, Ana Figueiredo, vai estar em Londres e Nova Iorque com Patrick Drahi, o fundador da Altice, para encontros de contenção de danos junto de investidores institucionais, na sequência da investigação judicial conhecida por Operação Picoas, que se tornou pública em Julho, através de buscas em diversos pontos do país, incluindo a sede da empresa, em Lisboa.

Estas reuniões com os actuais e potenciais investidores do grupo de telecomunicações e media, já prometidas no início de Agosto por Drahi, em conferências telefónicas com obrigacionistas, visam dar garantias de que o alegado esquema fraudulento que está a ser investigado em Portugal não afectará a actividade do grupo Altice, e em particular da Altice Portugal (detida pela Altice International).

Como noticiou o Jornal de Negócios, e o PÚBLICO confirmou entretanto junto da Altice Portugal, Ana Figueiredo acompanhará Drahi nestes encontros para esclarecer dúvidas sobre a Operação Picoas, em que estão a ser investigados alegados crimes de corrupção no sector privado, fraude fiscal agravada, falsificação e branqueamento.

Deste processo, em que foram já detidos o co-fundador da Altice Armando Pereira e o seu parceiro de negócio, Hernâni Vaz Antunes (ambos em prisão domiciliária), resultou também o afastamento de dois ex-altos quadros da Altice, o antigo presidente executivo da empresa Alexandre Fonseca (que o Ministério Público acredita ter sido corrompido por Pereira e Antunes) e João Zúquete, o administrador que tinha entre as suas competências o património imobiliário e que passou da equipa de Fonseca para a de Ana Figueiredo.

Em Portugal, três funcionários da área das compras (nenhum com funções de chefia) foram também afastados.

Quando falou aos obrigacionistas, no início do mês, Drahi mencionou o facto de terem participado neste alegado esquema de corrupção e fuga ao fisco cerca de 100 empresas, embora, quando a investigação foi tornada pública, em Julho, a Altice já só mantivesse relação com uma dezena.

“No relatório da polícia que recebemos, havia cerca de 100 empresas, em todo o tipo de jurisdições, a maioria a trabalhar a partir de Portugal. Imediatamente depois de recebermos este relatório, a 13 de Julho, avançámos com investigações nas nossas subsidiárias em todo o mundo, com advogados e contabilistas. Enviámos a lista de 100 empresas, a maioria das quais desconhecíamos, para o nosso departamento de verificação, para saber se mantínhamos negócio com elas. Destas cem empresas, só cerca de dez estavam a fazer negócios connosco, ou seja, com as nossas principais subsidiárias. Após o aconselhamento dos nossos advogados, suspendemos imediatamente os pagamentos a essas empresas”, explicou Patrick Drahi.

O milionário franco-israelita (que tem, segundo a revista Forbes, uma fortuna no valor de cerca de quatro mil milhões de euros e é o maior accionista individual da British Telecom) disse-se “traído” por Armando Pereira, que chegou a ser accionista da empresa, presidente da ex-PT Portugal e vice-presidente da operação francesa (a SFR), e garantiu que, à data de Julho de 2023, este português já era apenas um mero consultor da Altice para o negócio em França.

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