CPLP: Portugal apoia presidência da Guiné-Bissau, que admite avançar

O primeiro-ministro defendeu que a Guiné-Bissau “tem todas as condições para assumir a presidência da CPLP” e que “contará com o apoio de Portugal”. Também Marcelo apoia esta posição.

Foto
António Costa considerou que a presidência da Guiné-Bissau seria "um excelente sinal" Reuters/POOL

O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, expressaram este sábado o apoio de Lisboa à presidência da Guiné-Bissau da CPLP, admitida pelo homólogo guineense, Geraldo Martins.

O chefe do executivo português fez uma escala técnica em Bissau, para cumprimentar o novo primeiro-ministro guineense, na viagem entre Lisboa e São Tomé e Príncipe, onde participa na cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), agendada para domingo.

António Costa indicou que transmitiu à Guiné-Bissau que, se o país avançar, “contará com o apoio de Portugal”. Para o primeiro-ministro, “seria um excelente sinal” a CPLP ser agora liderada por um país que acabou de presidir à Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). “A Guiné-Bissau acaba de desempenhar a presidência da CEDEAO, demonstrou excelentes capacidades, tem todas as condições para assumir a presidência da CPLP”, considerou.

O chefe do executivo português salientou que reforçaria até “o sinal de algo que é muito importante, é que a CPLP não é só um conjunto de países que estão unidos pela língua. É um conjunto de países que estão unidos pela língua e que acrescentam cada um deles a diversidade de estarem inseridos em outros espaços regionais e essa diversidade ajuda a que a CPLP seja um ponto de contacto de várias regiões à escala global”.

Ao final da tarde deste sábado (hora de Lisboa), pouco depois de aterrar em São Tomé e Príncipe para participar na cimeira da CPLP, também Marcelo Rebelo de Sousa disse ser favorável a que seja a Guiné-Bissau a assumir a liderança daquela comunidade.

“O que estava definido desde a cimeira de Luanda era que a Guiné-Bissau fosse o país escolhido e votado nesta cimeira, foi isso que foi objecto de consenso. Não vejo razão para deixar de ser. É isso que está decidido e penso que é isso que deve ser consagrado nesta cimeira”, afirmou o chefe de Estado.

A questão da próxima presidência tem estado em discussão devido à ausência de um posicionamento definitivo da Guiné-Bissau, que devia assumir a próxima, de acordo com o sistema rotativo por ordem alfabética dos países que compõem a organização e com a manifestação de interesse dos mesmos.

Na véspera da cimeira, as autoridades guineenses ainda não clarificaram a questão levantada pelo Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, que disse recentemente que o país podia abdicar.

Entretanto, a Guiné Equatorial anunciou que quer presidir à organização, mas o país que vai suceder a São Tomé e Príncipe na presidência da CPLP só será aprovado no domingo pelos chefes de Estado e de Governo dos países-membros.

No encontro deste sábado com o homólogo português, o primeiro-ministro da Guiné-Bissau admitiu que o país pode ocupar o lugar, “se os membros da organização entenderem que a Guiné-Bissau pode efectivamente assumir esse papel”. “Em função de como as coisas correrem, veremos, mas a Guiné-Bissau é um país que está sempre interessado em assumir a sua posição de participação plena nestas organizações”, afirmou, à margem do encontro com o homólogo português.

CPLP no xadrez global

Tanto Costa como Marcelo salientaram também a importância da CPLP numa ordem internacional em transformação. O Presidente da República notou que a redefinição da ordem global “vai demorar tempo a construir”, mas defendeu que, seja qual for a circunstância, a “CPLP reforça o seu peso” e “relança a sua afirmação no mundo e isso é muito, muito bom”.

Já em São Tomé, escassos minutos depois de Marcelo aterrar, também António Costa abordou esta questão, relevando a importância da CPLP num “mundo tão turbulento, de grandes ameaças à paz, à liberdade, às democracias e direitos humanos” e perante o “desafio global das alterações climáticas”. Para o primeiro-ministro, a CPLP é uma “plataforma” que integra países que têm a língua em comum, mas que assume particular importância pela diversidade decorrente do facto de esses Estados integrarem diferentes organizações regionais, o que reforça a sua importância.

Ao contrário do homólogo português, o primeiro-ministro da Guiné-Bissau não participa na cimeira da CPLP, organização que integra Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. A Guiné-Bissau é representada na cimeira pelo Presidente Umaro Sissoco Embaló.

A CPLP realiza a 14.ª conferência de chefes de Estado e de Governo, em São Tomé e Príncipe, no domingo, sob o lema Juventude e Sustentabilidade.

Notícia actualizada com declarações de Marcelo Rebelo de Sousa e de António Costa feitas já em São Tomé e Príncipe