Putin exige juramento de fidelidade aos mercenários do Grupo Wagner

Funeral de Prigozhin, que ainda não tem data marcada, “poderá fortalecer a hostilidade de um núcleo de leais ao Wagner em relação ao Kremlin”, afirma um antigo embaixador britânico na Bielorrússia.

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Homenagem a Yevgeny Prigozhin em São Petersburgo Reuters/STRINGER
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O Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou aos combatentes do Grupo Wagner que assinassem um juramento de fidelidade ao Estado russo, depois do acidente fatal de avião, que se acredita ter matado Yevgeny Prigozhin (Ievgueni Prigojin na transliteração em português), o volátil chefe dos mercenários.

Putin assinou o decreto que introduz a mudança com efeito imediato na sexta-feira, depois de o Kremlin ter afirmado que as sugestões ocidentais de que Prigozhin teria sido morto por ordem do Presidente eram uma “mentira absoluta”. O Governo russo recusou-se a confirmar a morte do líder mercenário, citando a necessidade de esperar pelos resultados dos testes.

A Autoridade da Aviação Civil russa (Rosaviatsia) afirmou que Prigozhin estava a bordo do jacto particular que caiu na quarta-feira à noite a noroeste de Moscovo, sem sobreviventes, exactamente dois meses depois de ter liderado uma tentativa de sublevação malsucedida contra chefes do Exército.

Vladimir Putin enviou as condolências às famílias dos que faleceram no acidente na quinta-feira e falou de Prigozhin no passado. Citando “informações preliminares”, que indicavam que Prigozhin e os seus principais parceiros do Wagner tinham todos morrido e, enquanto o elogiava, disse também que cometeu alguns “erros graves”.

A introdução por Putin de um juramento obrigatório para os funcionários do Wagner e de outras empresas de segurança militar privada é uma clara medida para sujeitar os grupos paramilitares a um controlo estatal mais rigoroso.

O decreto, publicado no site do Kremlin, obriga qualquer pessoa que realize trabalho em nome do Exército russo ou que apoie aquilo a que Moscovo chama “operação militar especial” na Ucrânia a prestar um juramento formal de lealdade à Rússia.

Descrito como um passo para forjar as bases espirituais e morais da defesa da Rússia, a redacção do juramento inclui uma linha na qual aqueles que o fazem prometem obedecer estritamente às ordens dos comandantes e dos seus superiores.

Políticos e comentadores ocidentais sugeriram, sem apresentar provas, que Putin ordenou a morte de Prigozhin como punição pela revolta de 23 e 24 de Junho contra a liderança do Exército, que também representou o maior desafio a Putin desde que chegou ao poder em 1999.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse na sexta-feira que essa acusação e tantas outras semelhantes são falsas. “Há agora muita especulação em torno deste acidente de avião e das mortes trágicas dos seus passageiros, incluindo Yevgeny Prigozhin. Claro que, no Ocidente, toda esta especulação é apresentada de um ângulo bem conhecido”, disse aos jornalistas.

“Tudo isso é uma mentira absoluta, e aqui, ao cobrir este assunto, é necessário basearmo-nos em factos. Ainda não há muitos factos. É preciso que sejam apurados no decorrer das acções de investigação”, acrescentou.

A Rússia abriu uma investigação à queda do Embraer Legacy 600 que ainda não deu nenhuma versão oficial sobre o que suspeitam poderá ter causado o acidente. Também não confirmaram oficialmente as identidades dos dez corpos recuperados dos destroços.

Peskov, que disse aos jornalistas que Putin não se encontrou com Prigozhin recentemente, também afirmou que não estava claro quanto tempo levariam os testes e o trabalho de investigação.

“Não há datas para o funeral ainda, é impossível falar sobre isso de todo. A única coisa que posso dizer é que o Presidente tem uma agenda bastante ocupada no momento.”

Nigel Gould-Davies, ex-embaixador britânico na Bielorrússia, actual membro do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), considera que o funeral irá ter muita importância. “Se Putin quiser enfatizar que Prigozhin morreu como traidor, irá ignorá-lo”, disse Gould-Davies. Enquanto “os apoiantes de Prigozhin poderão aproveitá-lo como uma oportunidade para o elogiar e à crítica que fez à forma como Kremlin conduz a guerra – o que poderá fortalecer a hostilidade de um núcleo de leais ao Wagner em relação ao Kremlin”, concluiu. Reuters

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