PCP está “muito empenhado” nos próximos desafios eleitorais, diz Paulo Raimundo

“Estamos muito empenhados e com muita confiança” nas próximas “batalhas políticas”, disse o líder do PCP sobre as eleições regionais na Madeira e as eleições europeias do próximo ano.

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Paulo Raimundo participará no Avante enquanto secretário-geral do partido pela primeira vez este ano LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

Ao visitar o recinto da Festa do Avante!, que tem início no primeiro dia de Setembro, Paulo Raimundo olhou para o futuro e assegurou que o partido está "com muita confiança" para as eleições regionais na Madeira e para as europeias, em 2024. O secretário-geral do PCP aproveitou ainda para comentar a actualidade, em concreto o veto do Presidente da República ao pacote Mais Habitação, descartando a hipótese de se ter criado um conflito institucional.

"Estamos muito empenhados e com muita confiança nessas batalhas políticas", afirmou Paulo Raimundo no final de uma visita ao recinto da Festa do Avante!, no concelho de Seixal (distrito de Lisboa), tendo acompanhado a construção das estruturas pelos apoiantes e militantes. O líder comunista referia-se às eleições regionais na Madeira e às eleições europeias.

Paulo Raimundo diz que o PCP tem "muita confiança" em relação às eleições de Setembro na Madeira, estando os candidatos "muito empenhados, com muito contacto, iniciativa, trabalho extraordinário de ligação ao povo". No que toca às eleições europeias, em 2024, o secretário-geral do partido ressalvou que estão "ainda longe", mas destacou o "trabalho desenvolvido" até ao momento pelo partido no Parlamento Europeu.

De acordo com o líder, o partido está "empenhadíssimo no sucesso" do Avante!, que "é importante para o partido e para o povo, os trabalhadores, que aqui vão buscar energias para essa batalha dura que têm de enfrentar". Ao discursar, Paulo Raimundo prometeu ainda dar o seu contributo para "afirmar o PCP, dar confiança aos trabalhadores e ao povo para enfrentar os verdadeiros desafios e conflitos que atravessam".

O secretário-geral do partido disse que a Festa do Avante! "está em construção", tanto fisicamente, no recinto, como "um pouco por todo o país", com a divulgação do evento com o qual tem uma "ligação muito carinhosa". A rentrée do partido decorre entre os dias 1 e 3 de Setembro, sendo este o primeiro ano em que Paulo Raimundo participa enquanto secretário-geral.

O líder salientou o "espírito de militância muito grande" nos dias que antecedem o evento, acrescentando que existem "milhares de militantes do PCP", mas também "milhares de amigos que, não sendo do PCP, aqui vêm, dão o seu contributo e erguem esta cidade com as suas mãos". Vão ser "três dias mágicos" e "de grande alegria", além de "afirmação política e confiança no futuro, que não é muito risonho, mas certamente o povo terá condições de o alterar", antecipou. E desafiou ainda aqueles que "estão a decidir" se vão marcar presença, a participarem no Avante!.

Habitação: "PS faz mal em insistir"

Depois do Avante!, "aquilo que se vai colocar no dia 3 de Setembro, logo a seguir à Festa, não são propriamente as batalhas eleitorais, é a batalha pela habitação, saúde, pelos salários, direitos, e contra esta injustiça e desigualdade".

Marcelo Rebelo de Sousa vetou na segunda-feira o decreto que reunia as principais alterações à legislação da habitação (com mudanças ao nível do arrendamento, dos licenciamentos ou do alojamento local). A propósito do tema, os jornalistas questionaram o líder do PCP sobre as consequências da decisão do chefe de Estado.

Paulo Raimundo referiu que "não é a primeira vez que o Presidente da República veta uma lei nem é a primeira vez que o Governo confirma o diploma em questão", rejeitando a ideia de que poderá estar criado um conflito institucional: "Não podemos partir do princípio que o Presidente da República ou órgãos de soberania, por decidirem em determinada altura esta ou aquela decisão, que isso cria um conflito institucional. Não há nenhuma razão para partirmos desse princípio", afirmou.

O comunista sustentou ainda que "não se deve dar uma dimensão maior àquilo que não tem". "O grande conflito com que nos confrontamos hoje está longe de ser os eventuais conflitos entre o Presidente da República e o Governo, o grande conflito é o salário que é pouco para o mês tão grande, é o brutal aumento das prestações, as dificuldades de acesso aos bens alimentares, o aumento do custo de vida", defendeu.

Questionado depois sobre o silêncio do primeiro-ministro quanto a esta matéria, o secretário-geral do PCP considerou que "é normal", visto estar "de férias". E acrescentou que não acredita que "não tivesse havido contactos entre o senhor Presidente e o primeiro-ministro".

O PCP considera ainda que o PS não deve insistir nas mesmas medidas para a habitação, defendendo que são necessárias respostas imediatas, mais do que a médio e longo prazo. "O PS faz mal em insistir no mesmo conteúdo, porque aquilo que nós precisamos é de respostas imediatas aos problemas imediatos das pessoas e não projectos a longo prazo, que são bem-vindos, mas não é isso que vai resolver a vida das pessoas", defendeu Paulo Raimundo. E acrescentou que a decisão de Marcelo não constituiu "grande novidade face às declarações" do mesmo sobre o diploma.