Incêndios na Grécia: encontrados 18 corpos. Vítimas podem ser migrantes

Bombeiros combatem 14 frentes activas na segunda vaga de incêndios de Agosto na Grécia. Duas das vítimas são crianças.

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Incêndios lavram na Grécia há vários dias Reuters/ALEXANDROS AVRAMIDIS
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Fogos motivam maior preocupação no Nordeste da Grécia EPA/KOSTAS TSIRONIS
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Dezoito corpos foram encontrados esta terça-feira numa zona rural isolada no Nordeste grego, junto ao parque nacional de Dadia, onde incêndios florestais lavram há vários dias. Autoridades locais admitem que as vítimas, entre as quais duas crianças, sejam migrantes que atravessaram a fronteira entre a Turquia e a Grécia.

"Uma vez que não há registo de residentes desaparecidos nas áreas próximas, está a ser investigada a possibilidade de as vítimas se tratarem de pessoas que entraram no país de forma ilegal", informou o corpo de bombeiros na região. "Continuam a decorrer operações de busca na área onde o incêndio deflagrou."

Pavlos Pavlidis, médico legista na cidade de Alexandroupoli,​ responsável pelo caso, confirmou que as vítimas são todas do sexo masculino, e duas delas são crianças. "Foram encontrados em grupos de duas a três pessoas a uma distância de 500 metros, ao que parece enquanto tentavam fugir" das chamas, explicou, em declarações à imprensa grega.

Os restos mortais das vítimas foram encontrados nos arredores do parque nacional de Dadia, onde uma outra pessoa já tinha sido encontrada morta na noite de segunda-feira. Foi também registada uma morte na região de Beócia, no Centro da Grécia. No total, a segunda vaga de incêndios de Agosto já provocou pelo menos 20 mortes.

O ministro da Migração e Asilo da Grécia, Dimitris Kairides, comentou o caso ao final da tarde desta terça-feira, num curto comunicado publicado no site do Ministério: "Com grande tristeza, soubemos da morte de pelo menos 18 migrantes no incêndio na floresta de Daria. Apesar dos esforços constantes e persistentes das autoridades gregas para proteger as fronteiras e a vida humana, esta tragédia confirma, uma vez mais, os perigos da imigração ilegal."

Dimitris Kairides aproveitou ainda para responsabilizar traficantes: "Neste contexto, destacamos e denunciamos a actividade assassina dos traficantes criminosos (e daqueles que os ajudam) e o comércio de movimentos clandestinos, que é o que põe em perigo a vida de muitos migrantes em terra e no mar todos os dias."

Esta foi a primeira reacção do Governo grego, sendo que o gabinete do primeiro-ministro apenas informa que o chefe do executivo "está a ser informado sobre a evolução dos incêndios em todo o país".

Os bombeiros gregos combatem esta terça-feira 14 frentes de incêndio activas, numa missão dificultada pelo vento forte e altas temperaturas, perto dos 40ºC em várias regiões. "É uma situação semelhante à de Julho", disse um porta-voz dos bombeiros à agência de notícias AFP, referindo-se à anterior vaga de incêndios que causou cinco mortes.

As chamas estão a alastrar no Nordeste do país, na ilha de Eubeia e na ilha de Kythnos, e ainda perto de Atenas e na região central de Beócia, onde há quatro frentes de grandes dimensões.

Na segunda-feira à noite, foi dada ordem para evacuar o hospital de Alexandroupolis, cidade portuária no Nordeste da Grécia, fustigada há quatro dias pelos fogos. Os utentes do hospital foram todos retirados em segurança.

Já na ilha de Eubeia, foi evacuada a cidade industrial de Nea Artaki, onde o fogo danificou explorações avícolas e suinícolas.

Segundo Yiannis Artopioos, porta-voz dos bombeiros gregos, só nas últimas 24h estiveram activos 65 incêndios florestais no país. Motivam maior preocupação as várias frentes que avançam na Ática e em Evros, onde fica a floresta de Dadia. As condições de calor extremo e seca, que aumentam o risco de incêndios, deverão manter-se até à próxima sexta-feira.

A apoiar o combate às chamas na Grécia estão profissionais e equipamentos vindos da Alemanha, Suécia, Croácia, República Checa, Roménia e Chipre.

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