David Neres foi a solução para os problemas do Benfica

Duas assistências do extremo brasileiro para Casper Tengstedt e Rafa na parte final da partida garantiram aos benfiquistas uma vitória frente ao Estrela da Amadora, por 2-0.

Foto
Rafa agradece a Neres a assistência para o segundo golo do Benfica Reuters/RODRIGO ANTUNES
Ouça este artigo
00:00
04:20

Não foi fácil e foi preciso David Neres saltar do banco para que o Benfica desatasse um nó que parecia bem apertado. Após a derrota na estreia do campeonato contra o Boavista, Roger Schmidt apresentou-se frente ao Estrela da Amadora com um par de opções surpreendentes - Samuel Soares a titular; Aursnes a defesa esquerdo -, mas a exibição benfiquista voltou a deixar mais dúvidas do que certezas. Num encontro em que as “águias” tiveram de sofrer, Casper Tengstedt (79’) e Rafa (90’+3’) aproveitaram assistências de Neres para garantir a vitória, por 2-0.

Cinco dias depois de um terramoto com epicentro no Estádio do Bessa ter abalado as estruturas benfiquistas, a semana foi repleta de pequenas réplicas que lançaram dúvidas sobre com que solidez o Benfica iria apresentar-se no segundo acto da Liga.

Um dos principais pontos de interrogação estava na baliza. Depois de Roger Schmidt ter empurrado para cima de Vlachodimos muito do peso da derrota no Porto - “Podia ter feito melhor frente ao Boavista, foram três remates e três golos” -, a possibilidade de Anatoliy Trubin surgir como titular ganhava força. Porém, a decisão do técnico alemão foi (ainda) mais penalizadora para o guarda-redes grego: Samuel Soares surgiu no “onze”, Trubin no banco e Vlachodimos na bancada.

Mas as surpresas de Schmidt não se ficaram por aí. Se no ataque Tengstedt voltou a não merecer confiança para ser titular - com Musa castigado, Arthur Cabral entrou directo para o “onze” -, no lado esquerdo a lesão de Jurásek no Bessa parecia ser a oportunidade de que Ristic precisava para se mostrar. Mas, para Schmidt, a resolução do problema não passava por aí: o sérvio ficou a saber que, neste momento, é a terceira opção na esquerda da defesa. Solução? Algo já visto na época passada. Aursnes voltou a sair das posições em que mais rende e, mais uma vez, foi “tapar um buraco” nas laterais.

Perante este cocktail táctico do treinador germânico, o Estrela de Sérgio Vieira surgiu na Luz com um objectivo definido: retardar ao máximo um golo “encarnado” e, com isso, aumentar a desconfiança de adeptos e jogadores benfiquistas. E conseguiu-o na primeira parte.

Embora o Benfica tivesse sido o dono na bola desde o apito inicial, os primeiros 30 minutos foram de muita parra e pouca uva. Com Arthur a parecer ainda um peixe fora de água no ataque das “águias”, os amadorenses neutralizavam quase todas as iniciativas dos campeões nacionais.

No entanto, a insistência benfiquista traduziu-se num inevitável desgaste para os defesas do Estrela e, no último quarto de hora da primeira parte, Bruno Brígido passou a ter motivos de preocupação: Arthur Cabral (32’), João Mário (33’), Rafa (35’) e Di María (41’) colocaram o guarda-redes brasileiro em dificuldades.

Com 70% de posse de bola e 13-3 em remates como resumo estatístico dos primeiros 45 minutos, Schmidt tirou da cartola outra surpresa: ao intervalo, João Neves ficou no banco e Florentino surgiu como médio mais defensivo. Resultado? Passou a haver menos Benfica e mais Estrela.

Nos primeiros 15 minutos do segundo tempo, os “encarnados” não criaram qualquer calafrio aos estrelistas que, pelo contrário, passaram a surgir com mais assiduidade nas proximidades da baliza de Samuel Soares. E, numa das investidas do clube da Amadora, a Luz gelou: aos 57’, após um cruzamento de Ronald, a bola embateu em Florentino e o árbitro apontou para a marca de grande penalidade. Alertado pelo videoárbitro, Gustavo Correia considerou que o médio benfiquista tinha o braço na extensão do corpo, revertendo a decisão.

O susto pareceu acordar o Benfica que, por Kokçu (60’) e Di María (66’), esteve perto de chegar à vantagem. Pouco depois, com o relógio a jogar contra si, Schmidt correu finalmente riscos - David Neres no lugar de João Mário - e, quase de imediato, Bruno Brígido teve de se aplicar para evitar que Kokçu e Arthur marcassem.

O brasileiro, visivelmente desgastado, saiu logo de seguida e resolveu o problema a Schmidt. Sem outra opção, o alemão socorreu-se de Tengstedt e o avançado foi a solução para os problemas: Neres fez uma jogada à Neres na esquerda e o dinamarquês, no sítio certo, marcou na primeira vez que tocou na bola.

Schmidt podia respirar de alívio e, já nos descontos, Neres voltou a justificar a titularidade, assistindo Rafa para o 2-0. As “águias” garantiam os primeiros pontos, mas o segundo jogo do Benfica na Liga mostrou que há muitos problemas para resolver.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários