Enfermeira inglesa culpada de matar sete bebés no hospital onde trabalhava

Os crimes terão ocorrido entre 2015 e 2016. Lucy Letby já é considerada uma das maiores assassinas do último século, no Reino Unido. A pena é conhecida na próxima segunda-feira.

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Lucy Letby terá tentado matar outras seis crianças Reuters/CHESHIRE CONSTABULARY
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Uma enfermeira inglesa que era suspeita de ter matado sete bebés entre Janeiro de 2015 e Julho de 2016 foi esta sexta-feira declarada culpada pelos crimes de que estava acusada. Além dos sete infanticídios, Lucy Letby foi também considerada culpada pelas tentativas de homicídio de outras seis crianças, no Hospital Countess of Chester, quando trabalhava durante o turno da noite. Segundo a Reuters, a enfermeira terá envenenado algumas crianças com insulina e terá injectado ar na corrente sanguínea e no estômago de outras. Algumas crianças terão morrido por lhes ter sido dado leite em excesso.

Desde que foi acusada pela primeira vez, Lucy já tinha sido detida em três momentos: Julho de 2018, Junho de 2019 e Novembro de 2020. Na altura, era acusada de sete homicídios e de oito tentativas de homicídio. Esta sexta-feira, porém, o tribunal apenas a considerou culpada de seis tentativas.

Depois de ser detida, a polícia encontrou, durante as buscas na sua casa, uma nota escrita em que se podia ler: “Matei-os de propósito, porque não sou suficientemente boa para tomar conta deles. Sou uma pessoa horrível e maldosa.” Nas buscas foram encontradas também notas médicas relativas às crianças mortas e pesquisas nas redes sociais dos pais e famílias dos bebés.

Lucy Letby é já a maior infanticida da história moderna do Reino Unido, escreve o The Guardian, assim como uma das maiores assassinas do último século.

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Uma das notas encontradas em casa de Lucy Letby Polícia de Chesire / Reuters

A vítima mais velha tinha 11 semanas, e terá sido morta depois de quatro tentativas. A mais nova tinha apenas um dia de vida. Algumas das crianças atacadas pela enfermeira têm, actualmente, deficiências profundas que podem estar relacionadas com os ataques.

Nicholas Johnson, procurador no caso, citado pelo jornal britânico, descreveu a enfermeira como uma assassina “fria, calculista, cruel e insaciável”. A sentença de Lucy Letby só será conhecida segunda-feira, 21, apesar de já se ter levantado a possibilidade de ser condenada a uma pena de prisão perpétua.

Perfil da enfermeira não fazia prever os crimes

Entre o início de 2015 e meados de 2016, vários profissionais de saúde do Hospital Countess of Chester começaram a ficar preocupados com a quantidade anormalmente alta de mortes de bebés e de casos em que, sem explicação, as condições de saúde das crianças pioraram subitamente.

Inicialmente, apesar de ser apontada como o denominador comum a todos os casos, a enfermeira negou as acusações. Terá alegado que nunca tinha tentado magoar nenhuma criança e que os casos se podiam dever à falta de pessoal médico ou às más condições de higiene do espaço. Certo dia, porém, uma mãe encontrou a enfermeira a atacar os seus filhos, dois gémeos. “Confie em mim, sou enfermeira”, terá afirmado Lucy, confrontada pela progenitora.

Não se conhecem as causas por detrás dos homicídios e, para o inspector Nicola Evans, é possível que nunca se venham a descobrir. À Reuters, o inspector explicou que nada no perfil da enfermeira podia fazer prever os ataques. “Tinha uma vida social saudável, um círculo de amigos, tinha os seus pais, ia de férias, não há nada de incomum em nada disso”, explicou.

Entre os colegas, há quem a descreva como alguém que “não sobressaía como uma enfermeira particularmente má nem particularmente boa”. A coordenadora do serviço de Neonatologia, Eirian Powell — uma das primeiras colegas da enfermeira a perceber que a deterioração do estado de saúde dos bebés costumava acontecer durante os turnos de Letby —, porém, descreveu-a como “excepcional”.

A enfermeira chegou a ser, inclusivamente, a cara de uma campanha de angariação de fundos do Conselho de Enfermeiros e Parteiras, com o objectivo de construir uma nova unidade neonatal no hospital.

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