Número de mortos nos fogos do Havai sobe para 99. Buscas em Maui continuam
Já morreram 99 pessoas. Incêndio foi considerado o desastre natural mais mortal na história do Estado norte-americano do Havai.
O número de mortos nos incêndios florestais no Havai subiu para 99 e “poderá duplicar” esta semana, advertiram na segunda-feira as autoridades.
“Nos próximos dez dias, este número poderá duplicar”, declarou o governador do Havai, Josh Green, à televisão CNN, anunciando a descoberta de mais três corpos. Segundo o governador, a maioria dos corpos encontrados até à data estão perto da orla marítima ou no oceano. Dezenas de pessoas saltaram para a água para escapar às chamas.
“Estamos a ser esmagados pelas circunstâncias das mudanças climáticas e da tragédia ao mesmo tempo”, lamentou Green.
As equipas de busca retomaram nesta segunda-feira a tarefa de procurar entre as cinzas mais vítimas dos incêndios florestais que devastaram Lahaina, em Maui, no Havai. De acordo com as autoridades, 99 pessoas morreram e centenas continuam desaparecidas.
Quase uma semana após o incêndio que atingiu na terça-feira grande parte da histórica cidade turística, muitos moradores ainda não conseguiram voltar ao local do incêndio devido aos riscos relacionados com os possíveis pontos quentes e os gases tóxicos. As autoridades disseram que identificar as vítimas seria uma tarefa difícil, já que o incêndio lavrou com tanta intensidade que as próprias estruturas de metal derreteram com o calor.
O incêndio foi considerado o desastre natural mais mortal na história do Estado do Havai, sendo que o número de mortos (99) num incêndio internacional é o maior desde 1918, quando 453 pessoas morreram em Cloquet Fire, no Minnesota.
“Na área onde fica a minha casa, ainda estão à procura de vítimas”, disse Chris Loeffler, de 35 anos, cuja mãe e familiares fugiram da casa de infância na última terça-feira, quando as chamas se aproximaram. A casa — provavelmente destruída — estava na sua família há cinco gerações.
Num briefing, a administradora da Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA), Deanne Criswell, disse nesta segunda-feira que mais cães treinados para procurar cadáveres estavam a caminho de Lahaina, mas que as operações de busca e salvamento eram “extremamente perigosas” e levariam tempo. “Existem estruturas que se mantêm parcialmente de pé que os engenheiros precisam de limpar para garantir que é seguro para as equipas de busca e salvamento entrarem”, disse Criswell.
Mais de 3200 residentes do Havai registaram-se para receber assistência federal, e esse número deverá aumentar, disse Jeremy Greenberg, director de operações de resposta da FEMA.
Um banco de dados de crowdsourcing, que está a circular nas redes sociais, mostrou cerca de 1130 indivíduos registados como “não localizados” numa lista de cerca de 5200 pessoas na tarde de segunda-feira. O banco de dados inclui nomes recolhidos a partir de avisos de “pessoas desaparecidas” divulgados em abrigos, bem como informações enviadas por familiares.
A Cruz Vermelha Americana recebeu mais de 2500 chamadas de pessoas que tentavam encontrar-se com os familiares e os amigos desaparecidos no incêndio, disse Chris Young, director sénior de operações.
“Resolvemos cerca de 800 dos 2500 até agora”, disse Young nesta segunda-feira. “A comunicação na ilha ainda é intermitente em muitos locais, por isso temos socorristas no local à procura para encontrar as pessoas”, referiu.
Duas acções já foram movidas por parte dos moradores contra a Hawaiian Electric Industries, alegando que os seus equipamentos foram responsáveis pelo incêndio. Um porta-voz da concessionária disse à CNN que não iria fazer comentários sobre o assunto; a empresa disse que vai cooperar com o Estado na investigação para apurar a causa do incêndio.
As autoridades pediram aos turistas que considerassem reagendar a viagem para o Oeste de Maui. A maioria seguiu as suas sugestões. Cerca de 46 mil pessoas saíram do aeroporto de Kahului, o principal aeroporto de Maui, entre quarta-feira e sábado, de acordo com a Autoridade de Turismo do Havai. Alguns moradores expressaram a sua frustração nas redes sociais para com os turistas que optaram por ficar em Maui.
Mas as empresas, fixadas noutras partes da ilha, temiam que o corte no turismo com destino a Maui pudesse prejudicar os trabalhadores de outros lugares.