Vitinha, o do Marselha, apressou-se a deixar marca em 2023-24

Avançado que se transferiu do Sp. Braga no início do ano procura uma época de afirmação na Ligue 1. E começou com o pé direito.

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Vitinha no momento golo do triunfo EPA/Guillaume Horcajuelo
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Vitinha é um diminutivo comum no futebol francês por estes dias. Em Julho de 2022, chegou a Paris Vítor Machado Ferreira, para reforçar o meio-campo do milionário do PSG. Meses mais tarde, a 31 de Janeiro de 2023, foi a vez de Vítor Manuel Carvalho Oliveira se mudar para Marselha, para dar dimensão extra ao ataque da equipa. E foi este Vitinha que neste sábado se apressou a deixar claro que esta pode muito bem ser a sua época de afirmação na Ligue 1.

Em abono da verdade, impõe-se dizer que ambos deram nas vistas na pré-temporada. O médio ex-FC Porto marcou por duas vezes em jogos de preparação, ao Cerezo Osaka e ao Inter Milão (duas derrotas do PSG, ainda assim); o atacante ex-Sp. Braga bisou no embate com o Nimes (triunfo por 2-0). Mesmo que os encontros não tenham carácter oficial, é sempre um indicador positivo, especialmente para um jogador que tem os golos como melhor aliado dos índices de confiança.

Ora, Vitinha — o do Marselha, ressalve-se — não perdeu tempo a transpor a veia goleadora para o contexto da Ligue 1. Dias depois de a equipa ter sido surpreendida na primeira mão da 3.ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões (perdeu 1-0 em casa do Panathinaikos), num jogo em que o internacional português pelas selecções jovens não foi utilizado, o avançado minhoto aproveitou a jornada inaugural do campeonato, diante do Stade Reims, para apontar o golo do triunfo (2-1).

Foi aos 73’, numa altura em que a partida estava empatada. O minhoto (nasceu em Cabeceiras de Basto há 22 anos) aproveitou um passe de Ismaila Sarr, na sequência de um lançamento lateral, recebeu entre dois adversários na área contrária e finalizou com classe, com um toque subtil. De seguida, encostou o indicador direito à testa, no habitual festejo que foi repetido por vários dos adeptos nas bancadas.

É um sinal de simbiose que não pode ser ignorado, especialmente depois dos tempos difíceis que viveu. Na pele de um jovem longe de casa pela primeira vez, Vitinha sentiu a distância da família e as exigências de um novo campeonato, e não se coibiu de o confessar ao Canal +, em Abril. Na temporada passada, depois de um início promissor, acabou por perder espaço e ver a maioria dos jogos a partir do banco: na Ligue 1, alinhou em 14 partidas, mas apenas cinco na qualidade de titular.

“Estava a jogar a maioria dos jogos como titular [no Sp. Braga], mas chegar a Marselha e ficar no banco fez-me muito bem porque cresci. Foi uma decisão do treinador. Eu ainda não estava pronto. Agradeço-lhe por me gerir desta forma. Tenho de trabalhar para mostrar que estou pronto . Sabia que ia ter dificuldades, os defesas em França são muito fortes fisicamente. Não estava preparado para um jogo tão intenso”, admitiu, com honestidade e humildade.

De então para cá, algumas coisas mudaram. O treinador, que é agora o espanhol Marcelino Toral, a forma de jogar da equipa, que passou de um 3x4x3 no final da época passada para o actual 4x4x2, e talvez comece também a mudar a forma como os fervorosos adeptos do clube olham para o avançado português.

A concorrência por uma vaga no ataque do Marselha está uns valentes furos acima do que encontrou em Portugal. Ao incontornável gabonês Pierre-Emerick Aubameyang, junta-se Ismaila Sarr (contratado ao Watford por 13 milhões) e Iliam Ndiaye (contratado nesta época ao Sheffield United por 17 milhões de euros), com o qual fez ontem dupla na frente.

Mas Vitinha, cujo passe custou ao Marselha 32 milhões de euros, tem razões para estar confiante. Já cumpriu o período de adaptação a França, tem uma margem de progressão enorme e uma capacidade de finalização e de trabalho acima da média. Se tudo lhe correr de feição, esta é uma história que está ainda a começar.

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