Zelensky purga sistema de recrutamento militar por suspeitas de corrupção

Foram descobertos vários casos de subornos que envolveram dirigentes dos departamentos responsáveis pelo alistamento de soldados. Rússia avança na região de Kharkiv.

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Homens adultos ucranianos estão proibidos de sair do país e têm de se apresentar para o recrutamento Reuters/STRINGER
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O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou esta sexta-feira a demissão de todos os chefes dos departamentos regionais de recrutamento militar, na sequência de uma investigação que revelou vários esquemas de corrupção no sistema.

Foi através de um comunicado que o chefe de Estado divulgou a mais recente ofensiva anticorrupção das autoridades ucranianas. “O sistema deve ser gerido por pessoas que saibam exactamente o que é a guerra e por que razão o cinismo e os subornos durante a guerra são traição”, afirmou Zelensky.

Os serviços de recrutamento em todo o país vão passar a ser dirigidos apenas por “soldados que tenham estado na frente de batalha e que não possam estar nas trincheiras por terem perdido a saúde, perdido os seus membros”, acrescentou o Presidente ucraniano. Só os que estiveram em combate são pessoas "a quem se pode confiar o sistema de recrutamento”.

As suspeitas de que os centros de alistamento militar ucranianos estavam envolvidos em esquemas de corrupção surgiram depois de uma investigação do jornal Ukrainska Pravda, que revelou que o chefe do departamento de Odessa possuía carros de luxo e tinha adquirido propriedades no Sul de Espanha.

O Governo de Kiev decidiu lançar um inquérito alargado que desvendou inúmeros casos de corrupção, mostrando que todo o sistema está comprometido. Segundo a agência anticorrupção ucraniana, foram abertos até agora 112 casos contra funcionários destes departamentos.

Geralmente, os esquemas envolvem subornos avultados para que os responsáveis pelo alistamento de militares passem atestados fictícios de incapacidade para homens em idade de recrutamento – obrigatório desde o início da invasão –, permitindo-lhes sair do país.

A guerra em larga escala lançada pela Rússia em Fevereiro do ano passado não fez com que as autoridades ucranianas pusessem de lado os esforços para combater a corrupção. Esta é uma das áreas mais citadas pelos parceiros internacionais de Kiev, com a União Europeia à cabeça, quando se menciona a necessidade de reformas. Bruxelas tem insistido que é preciso implementar políticas fortes para combater a corrupção endémica, fazendo disso depender em grande parte a futura adesão ucraniana à UE.

A descoberta de esquemas de corrupção no sistema de recrutamento militar tem uma importância acrescida numa altura em que o Exército ucraniano leva a cabo uma contra-ofensiva que tem progredido de forma lenta.

Na verdade, é a Rússia que tem relatado sucessos na frente de batalha com a intensificação dos avanços em torno da cidade de Kupiansk, na província de Kharkiv, no Nordeste. Não foram dados muitos pormenores sobre a evolução das batalhas, mas o Ministério da Defesa russo disse que as suas forças militares “melhoraram a situação táctica” nesta região.

Nos últimos dias, as autoridades locais emitiram ordens para a retirada “obrigatória” dos civis em pelo menos 37 localidades perto de Kupiansk por causa da proximidade dos combates. Segundo Kiev, as forças russas estão a poucos quilómetros da cidade que tinha sido recapturada pela Ucrânia em Setembro, mas que tem sido cada vez mais o alvo dos avanços inimigos.

Esta sexta-feira, a Rússia bombardeou a província de Ivano-Frankivsk, no Oeste da Ucrânia, com mísseis hiper-sónicos, matando uma criança de oito anos, segundo as autoridades locais. Ao todo, foram mortas 499 crianças ucranianas desde o início da invasão, revelou Kiev.

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