Descida da inflação para 3,1% em Julho confirmada pelo INE

A inflação subjacente desacelerou para 4,7% no mês passado. Descida dos preços dos bens alimentares explica evolução.

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Descida de preços nos produtos alimentares ajudou a travar a inflação em Julho Paulo Pimenta (arquivo)
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O Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou nesta quinta-feira que a inflação em Portugal desceu em Julho de 3,4% para 3,1% (numa base homóloga), tal como havia avançado há duas semanas na estimativa rápida. Na variação mensal (em cadeia), a inflação apresenta uma taxa negativa de -0,4% face a Junho (tinha sido +0,3% em Junho face a Maio).

Parte da explicação está na razão apontada aquando dos resultados provisórios: o decréscimo de preços verificado na classe dos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas. Nesta classe de produtos, a inflação desacelerou de 8,6% em Junho para 7,3% em Julho.

O INE lembra que "40% dos produtos considerados nesta classe passaram a estar isentos de IVA, explicando em parte a redução de preços". No entanto, "os preços desta categoria situam-se 22,9% acima do nível médio de preços de 2021", frisa ainda.

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A inflação subjacente, que exclui a variação de preços em produtos mais voláteis como os produtos alimentares frescos e a energia, também desacelerou em Julho, baixando para 4,7% (5,3% em Junho), numa base homóloga. Na variação em cadeia, a inflação subjacente foi -0,9% face a Junho (0,2% em Junho face a Maio).

O INE alerta, no entanto, para a influência do chamado "efeito de base" sobre estas contas, em que "o comportamento dos preços em 2022 terá influência relevante na evolução da inflação em 2023". Resumidamente, como os preços subiram muito em 2022, sobretudo no primeiro semestre (a que se seguiu um segundo semestre de maior estabilidade), a taxa de inflação homóloga reflectirá em boa parte essa realidade.

"Apesar do abrandamento da inflação (redução da variação homóloga do IPC), o nível médio dos preços tem-se mantido superior ao do ano passado, registando em Julho de 2023 um valor 12,2% superior ao nível médio de preços de 2021", sublinha a autoridade estatística nacional, acrescentando: "Para que o nível de preços regressasse a valores comparáveis aos de 2021, teria de se verificar um período com taxas de variação homóloga negativas."

A variação média dos últimos 12 meses situa-se em 7,3% (7,8% em Junho). Na inflação subjacente, a taxa é de 6,5% (6,6% no mês anterior), com a variação média do último ano nos produtos alimentares frescos a situar-se nos 15,1% (15,7% em Junho) e a dos produtos energéticos a baixar significativamente para 3,6% (7,5% em Junho).

Nota-se que a inflação resiste de forma mais pronunciada nos produtos alimentares não transformados do que na energia, apesar de em Julho ter havido uma certa travagem na queda dos preços desta última.

Segundo o INE, a variação de preços nos alimentos frescos foi de 6,8% em Julho. Mostra uma cadência mais baixa de aumentos em Julho do que no mês anterior (em que os preços tinham subido 8,5%), mas mantém-se a trajectória ascendente de preços na alimentação, quando comparados com o mesmo mês do ano anterior.

Nos produtos energéticos, a inflação foi de -14,9%, com água, electricidade, gás e outros combustíveis a darem um contributo negativo para a inflação em Julho, tal como sucede aliás com transportes e habitação. Face a 2021, o nível de preços está 12,5% acima.

Em Julho, os preços destes produtos energéticos voltaram a acelerar face a Junho, com um aumento de 5,8%, "sobrepondo-se ao efeito de base (...) e invertendo a trajectória de redução da taxa homóloga registada ao longo de 2023".

Os maiores contributos positivos para a inflação ainda estão, segundo o INE, nos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas, bem como nos restaurantes e hotéis.

Vestuário e calçado tiveram um contributo praticamente nulo para a inflação de Julho, com uma variação de 0,1%.

O INE confirmou ainda que o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC, ou taxa de inflação harmonizada que permite comparações com o resto dos países da zona euro) foi de 4,3%, tal como tinha avançado na estimativa inicial, baixando assim 0,4 pontos percentuais face ao valor de Junho.

Na área do euro, o IHPC em Julho foi de 5,3%, menos 0,2 pontos percentuais do que em Junho. A variação média nos últimos 12 meses do IHPC em Portugal cifra-se em 8%.

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