Volta a Portugal: se é prólogo é para Rafael Reis
O ciclista da Glassdrive venceu a etapa de abertura da prova portuguesa, conquistando o prólogo pela quinta vez – e a terceira seguida, depois de triunfos no contra-relógio inicial em 2021 e 2022.
Há dias em que um texto jornalístico pode ser delineado antes de a realidade o confirmar. Na Volta a Portugal, a primeira etapa está a tornar-se, ano após ano, um desses casos. À tradição de a Volta começar com um prólogo tem-se juntado a tradição de essa etapa ser sempre ganha por Rafael Reis.
O ciclista da Glassdrive venceu nesta quarta-feira a etapa de abertura da prova portuguesa, conquistando o prólogo pela quinta vez – e a terceira seguida, depois de triunfos no contra-relógio inicial em 2021 e 2022.
Especialista na luta contra o cronómetro, o corredor de 31 anos, que é o primeiro camisola amarela da prova, foi o último a partir para a estrada e fez o curto percurso em Viseu em 3m58s – foi o único a baixar dos quatro minutos e gastou menos dois do que Txomin Juaristi, da Euskaltel, e menos três do que Mauricio Moreira, colega na Glassdrive.
Apesar de um prólogo não ser o dia mais excitante de uma prova de ciclismo, os segundos finais da corrida tiveram um momento de emoção. Txomin estava há muito tempo sentado na cadeira do melhor tempo e a imagem televisiva dividia-se entre a chegada de Rafael Reis e um pequeno quadrado que focava a reacção de Txomin. Quando percebeu que foi batido pelo português, o espanhol baixou o olhar, colocou as mãos na cabeça e mostrou-se visivelmente desiludido por ter perdido o triunfo na etapa.
Num dia de algum calor – os ciclistas rolaram sob 30 graus –, Viseu, conhecida como a “cidade das rotundas”, ofereceu aos ciclistas um percurso de apenas 3,6 quilómetros, mas com… oito rotundas.
O percurso com início e fim na Avenida da Europa foi, portanto, feito em permanente “ataque” a viragens curtas, tipo de desenho que beneficia os ciclistas mais pesados e capazes de colocarem muita potência à saída das curvas.
Se a esse detalhe juntarmos o facto de já não ser habitualmente um corredor forte em qualquer tipo de “crono”, então é compreensível que Frederico Figueiredo, um dos principais favoritos ao triunfo na corrida, já tenha perdido 15 segundos para Maurício Moreira.
Para esta quinta-feira, entre Sangalhos (casa do ciclismo de pista nacional) e Ourém, está desenhada uma etapa com duas elevações nos últimos 30 quilómetros, mas, em tese, não serão duras o suficiente para impedirem um final em pelotão compacto.
Há, ainda assim, terreno para uma surpresa caso haja desorganização no pelotão na perseguição aos prováveis ataques nessas pequenas subidas.