Os Poetas celebram os 100 anos de Cesariny com o disco O Homem em Eclipse

A poesia de Mário Cesariny é celebrada em disco no seu centenário. Rodrigo Leão, Gabriel Gomes e Miguel Borges apresentam-no esta quarta-feira em Lisboa, na Cinemateca, às 18h.

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Os Poetas: Gabriel Gomes, Miguel Borges e Rodrigo Leão Rita Carmo
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Dez anos passados sobre Autografia, disco que era “quase uma homenagem a Cesariny”, Os Poetas estreiam esta sexta-feira um novo disco que deixou cair o “quase”, porque é mesmo uma homenagem declarada, e por inteiro, à poesia de Mário Cesariny, no mês em que ele completaria 100 anos. Trata-se de um disco que reúne materiais dos dois trabalhos anteriores, alguns regravados, a que se somaram cinco inéditos. Cesariny faria 100 anos este 9 de Agosto e o disco, intitulado O Homem em Eclipse, é publicado no dia 11.

Projecto nascido em 1997, impulsionado por Rodrigo Leão, Gabriel Gomes e Manuel Hermínio Monteiro (1952-2001), então à frente da editora Assírio & Alvim, Os Poetas gravaram nesse ano um primeiro disco intitulado Entre Nós e as Palavras, com música de Margarida Araújo (viola), Rodrigo Leão (sintetizadores), Gabriel Gomes (acordeão) e Francisco Ribeiro (violoncelo e voz) sobre poemas e vozes gravadas de Al Berto (1948-1997), Mário Cesariny (1923-2006), António Franco Alexandre (1944-), Herberto Helder (1930-2015) e Luiza Neto Jorge (1939-1989). Esgotado nos anos seguintes, esse disco foi reeditado em 2013, ano em que Os Poetas ressurgiram com um novo disco, Autografia, e com espectáculos no Porto (Casa da Música), Lisboa (CCB) e Aveiro (Teatro Aveirense).

Nessa altura, além dos fundadores Rodrigo Leão e Gabriel Gomes, o grupo contava com o actor Miguel Borges (voz), Viviena Tupikova (violino) e Sandra Martins (violoncelo). Francisco Ribeiro (1965-2010), que havia sido violoncelista dos Madredeus (grupo ao qual pertenceu também Rodrigo Leão), morrera poucos anos antes, de cancro no fígado.

“No início de tudo, tocámos uns seis a oito meses, fizemos uns dez espectáculos”, recorda ao PÚBLICO Rodrigo Leão. “Mas depois o projecto ficou um pouco parado. Até que em 2013 resolvemos gravar um novo trabalho e voltámos a fazer uma pequena tournée, com mais uns dez concertos. Desde aí, apesar de termos parado de editar, a verdade é que uma ou duas vezes por ano fazemos concertos. No ano passado, curiosamente, fizemos sete ou oito, e isso fez-nos ter vontade de compor outra vez juntos para este projecto.”

A ideia era fazer um disco novo, mas a proximidade do centenário de Cesariny levou-os a centrar nele os primeiros esforços. “Achámos que seria interessante pegar nos temas que já tínhamos trabalhado nos discos anteriores e fazer alguns novos. Foi o que aconteceu. Fizemos três novos com música e o Miguel diz dois pequenos poemas, sem música.”

Do primeiro disco, o de 1997, vieram sete temas, cinco deles conforme o original e dois instrumentais regravados, O café dos poetas e Quem me dera. Ficaram tal qual, só com melhoramentos técnicos, cinco temas com a voz do próprio Cesariny. Dois sem música, Pastelaria e You are welcome to Elsinore; e três com arranjos musicais do grupo, O navio de espelhos, Há uma hora, há uma hora certa e Queria de ti um país. Do segundo disco, o de 2013, vieram Despertar, Autografia e Poema, estes últimos regravados. E entraram cinco novos; Aeroporto, Lembra-te, Homem em eclipse (que dá título ao disco), Denúncia (já editado em single, no dia 16 de Junho) e XIII (estreado em single em 14 Julho).

Agora, Os Poetas são um trio: Rodrigo Leão, Gabriel Gomes e Miguel Borges. “Este dia 9 fazemos uma pequena apresentação no café-restaurante da Cinemateca, o 39 Degraus [18h, em Lisboa]”, diz Rodrigo Leão. “Tocamos quatro ou cinco temas. Mas a partir de Setembro-Outubro iremos fazer alguns concertos de apresentação deste trabalho.” O Homem em Eclipse, que chega dia 11 às plataformas digitais, terá edição em CD e em vinil. “Tivemos uma grande ajuda do Manuel Rosa, que durante anos trabalhou na Assírio & Alvim, e da Fundação Cupertino de Miranda [onde O Homem em Eclipse será apresentado ao vivo no dia 26 de Novembro], que nos cedeu algumas imagens de pinturas do Cesariny para fazermos a capa. E isso foi realmente importante para fazermos este trabalho.”

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A capa do disco
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