Do bebé Francisco à velha Ingrid, “surfistas do amor” encontraram-se com o Papa

Francisco encontrou-se com mais de 20 mil jovens no Passeio Marítimo de Algés. Foi o fim da Jornada Mundial de Juventude, que trouxe a Lisboa 1,5 milhões de pessoas.

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Ingrid tem 80 anos Nuno Ferreira Santos
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Encontro do Papa com os voluntários Nuno Ferreira Santos
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Na praia de Algés Nuno Ferreira Santos
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Encontro do Papa com os voluntários Nuno Ferreira Santos
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Ainda na barriga da mãe, o bebé Francisco, já pode ser considerado o voluntário mais jovem desta Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Teresa Carapito trabalhou durante três anos no Comité Organizador Local a tratar da vinda de peregrinos e é uma dos mais de 25 mil voluntários que se encontrou com o Papa Francisco no Passeio Marítimo de Algés, neste domingo, o último dia de visita papal.

Teresa ficou noiva, casou-se e prepara-se agora para ser mãe. Tudo aconteceu durante o processo de preparação para a JMJ. Esta semana foi um “turbilhão” de emoções e um desafio físico por estar a aproximar-se do dia do parto, “mas com sentimento de dever cumprido”. Apesar de não ter aproveitado tanto quanto gostaria, emocionou-a “ver a multidão a aproveitar a missa com o Papa Francisco”.

A sua admiração pelo bispo de Roma é tal que o bebé será baptizado com o seu nome, numa clara homenagem. “É um bebé das jornadas”, declara. Admira principalmente a “simplicidade e humildade” da mensagem do argentino, que fala a todos os corações. “Sinto que fala directamente para mim.”

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Também Kissey Cabanero sentiu um chamamento para vir das Filipinas trabalhar voluntariamente nesta JMJ. É psicóloga e emocionou-se particularmente com a força da juventude, a capacidade de se unir sob “um só propósito”, “o amor a Deus”, conta com as lágrimas a transbordar dos olhos.

Não é a primeira vez que participa numa JMJ, mas estreou-se como voluntária quase em forma de agradecimento por tudo o que viveu no Panamá em 2019. “É uma forma diferente de aproveitar, mas não menos enriquecedora”, observa. Apesar do trabalho nem sempre ser fácil nas funções de segurança, quando, ao cumprirem, as regras muitos os vêem como vilões. “Mas encontramos Deus nas outras pessoas”, declara.

Não se cansa de deixar elogios aos portugueses. “Muitos falavam connosco e agradeciam-nos por termos vindo”, relata. Kissey não está, todavia, alienada da actualidade e sabe que a JMJ esteve envolta em polémica por causa dos custos.

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Também Ingrid Bastos fala das polémicas, mas acha que “isto agora tem pernas para andar”. Aos 80 anos é uma das voluntárias mais velhas da JMJ e considera que a mensagem que Francisco deixou em Portugal poderá dar frutos. “Tenho esperança de que a juventude torne o mundo mais acolhedor, mais justo, mais fraterno”, apela, elogiando o Papa como um “grande comunicador, muito próximo das pessoas”.

Esteve responsável por 70 peregrinos na paróquia de São Julião da Barra e até ajudou um frade de mobilidade reduzida a chegar ao Mosteiro de Jerónimos para o encontro com o Papa. “Foi o meu grande gesto missionário.” E deixa um pedido aos mais novos: “Criar mais pontes do que divisões.”

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E se Ingrid tem este desejo, Lina traz um pedido para o Papa e espera, na primeira fila, pelo momento certo para lhe entregar um cartão onde pede pela saúde da mãe. Francisco, apelida, sem rodeios, “é um santo”. O momento mais “emocionante” desta semana foi quando se confessou no Parque do Perdão, onde também esteve a auxiliar durante a semana.

“A onda”

Dentro de momentos, Francisco entra no Passeio Marítimo de Algés e faz questão de passar no papamóvel pelos vários sectores onde estão os 20 mil voluntários presentes. Acena, mas menos efusivo do que nesta manhã, no Parque Tejo, para a missa do Envio, onde anunciou onde será a próxima JMJ, denunciando algum cansaço, depois de seis dias de agenda completa.

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A temperatura do ar também não ajudou e, quando o Papa chegou, já o INEM tinha assistido vários voluntários, culpa dos golpes de calor ou da desidratação. Os termómetros marcavam 40ºC e a sombra era pouca ─ a que havia estava ocupada pelos que se sentavam a descansar. Todos se confessavam cansados no último encontro desta JMJ. Alguns não aguentavam e molhavam-se com a pouca água disponível, que a PSP ia ajudando a reabastecer.

Mas todo o sacrífico compensou quando Francisco se dirigiu aos jovens, com uma mensagem de agradecimento. “Lutastes durante vários meses, de forma escondida, sem barulho e sem protagonismos, para que todos pudéssemos encontrar-nos aqui”, começou por elogiar o bispo de Roma.

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Quem ama, continuou o Papa, “não se fixa de braços cruzados, quem ama, serve”. E quem ama, “corre”. “E vocês correram bastante”, notou, depois de ter ouvido os testemunhos de três jovens, Chiara, Francisco e Filipe. “Correstes sabendo para onde ir: ao encontro de irmãos e irmãs, concretos para os amar e servir em nome de Jesus.”

A encarar a multidão, utilizou um exemplo bem português, como fez ao longo de toda a visita, comparando a experiência dos voluntários à onda da Nazaré. “Nestes dias, também vos enfrentastes uma onda enorme, não de água, mas de jovens que afluíram a esta cidade.” E o resultado foi bem-sucedido e os 24 mil jovens (e não só) “conseguiram cavalgar esta onda grande”.

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E se conseguiram cavalgar esta onda, podem continuar a fazê-lo além da JMJ. “Graças à coragem com que vos lançastes, vistes coisas que não se podem imaginar da terra-firme da inacção. Quero dizer-vos: continuai assim, continuai a cavalgar as ondas de caridade, sejam ‘surfistas do amor’!”

Os “surfistas do amor” não tardaram a responder com palmas e gritos. Depois, cantou-se novamente o hino Há pressa no ar. Na multidão, os jovens que integraram o coro abraçavam-se e faziam a coreografia. É a última vez que soa a música que animou uma semana de fé, onde um milhão e meio de jovens esteve em Lisboa para estar com Francisco. E o Papa despediu-se com um pedido: “Rezem por mim.”

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