Palcos da semana: cinco festivais de mão-cheia
Em tempo de festivais, um passeio pel’A Estrada, com a arte do Fazunchar, o teatro em Altitudes, o cinema de Periferias e a onda verde do Mar Me Quer.
Fazunchar, onde a arte faz a festa
O nome vem de um antigo dialecto local (o laínte) e significa "fazer". A essência e inspiração remetem para “uma experiência de partilha, de encontro e de (re)descoberta entre pessoas, arte e território”, detalha a Mistaker Maker - Plataforma de Intervenção Artística na carta de intenções.
É neste tom que se desenha mais uma edição (a quinta) do Fazunchar, que volta a fazer de Figueiró dos Vinhos uma tela aberta à criatividade por meio de pinturas murais, residências artísticas, visitas guiadas, workshops, exposições, jornal de cordel, música ao vivo e um piquenique comunitário, entre outros momentos.
Os portugueses Mário Belém e Daniela Guerreiro, a brasileira Giuliane Sampaio, a espanhola Marta Lapeña e o belga Jaune são alguns dos nomes convidados a dar tinta e alma ao cartaz que, este ano, aproveita para montar mais uma festa dentro da festa e brindar aos dez anos do Museu e Centro de Artes da terra.
Mergulhar na onda verde do Mar Me Quer
Neste festival, o gosto pelos concertos anda a par e passo com a consciência ecologista e o compromisso com a sustentabilidade.
É então com música que se espalha a causa verde e para a bitola – que vem reforçada com a faixa de “único festival no Algarve com Sê-lo Verde”, garante a organização –, não se espera menos do que um cartaz cheio de estrelas da nova geração. A saber: Calema, Plutónio, Fernando Daniel, Pedro Mafama, Ivandro, Julinho KSD, Nininho Vaz Maia, T-Rex, Quem é o Bob?, Rafaell Dior, Ricardo Sousa e os DJ Wilson Honrado e Nuno Luz.
Celebrar o teatro (e não só) em Altitudes
Uma dúzia de espectáculos, nove companhias e um ateliê. É com estas linhas que se cose a 26.ª edição do festival Altitudes, nascido em 1998 como um palco de teatro no enquadramento único da Serra do Montemuro, mas cada vez mais comprometido com a ideia de diversidade artística.
A cortina abre com A Cidade e as Serras (Não é Eça), peça do anfitrião Teatro do Montemuro em parceria com o Teatro da Palmilha Dentada, que propõe “um olhar sobre o interior do país sem romantismo nem visões economicistas”. A cantar a despedida está o Rouxinol Faduncho de Marco Horácio.
Entre os dois momentos, vão a palco criações para todas as idades, das Marionetas de Mandrágora (A História de Um Gato e de Um Rato que Se Tornaram Amigos), Teatro do Mar (Mutabilia), Acert (Car12 - A Grande Viagem), Miguel Jesus (As Mãos das Águias), Yllana (Chefs), Leirena Teatro (O Globo de Saramago), Astro Fingido (Mulheres Móveis), Fértil Cultural (Cordão) e da companhia da casa (As Memórias do Meu Pai na Rádio do Meu Tio).
Entre a serra e o mar, há estrada para andar
Faz-se ao caminho em São Francisco da Serra e segue viagem até à Lagoa de Santo André, sempre com a Estrada Municipal 544, o verde do montado e o azul do mar a emoldurar as vistas.
Organizado pela produtora Transiberia, o Festival A Estrada torna a partir à descoberta do território e da sua autenticidade cultural levando na bagagem música, passeios, caminhadas, conversas, petiscos, convívios, fotografia e workshops de desenho de paisagem. Tudo em “ambiente informal e descontraído”, como manda a cartilha alentejana.
Na lista de convidados para a viagem deste ano estão nomes como Ana Lua Caiano, Duarte, Nani Medeiros, João Pita, Vítor Belanciano, Tiago Pereira (MPAGDP), Sílvio Rosado, Rastafogo ou Venga Venga.
Periferias à tela com fitas no feminino
É com Alma Viva, a primeira longa-metragem da luso-descendente Cristèle Alves Meira, que abre a tela do Periferias - Festival Internacional de Cinema de Marvão e Valencia de Alcántara. Projectado no Castelo de Marvão, dia 11 de Agosto às 21h45, o filme faz um retrato da cultura transmontana através dos olhos de uma criança, filha de emigrantes portugueses em França, que passa as férias de Verão na aldeia da sua família, em Trás-os-Montes.
Numa passadeira que aponta o foco, nesta 11.ª edição, ao cinema protagonizado e realizado por mulheres, encontram-se títulos como Sous les Figues da franco-tunisina Erige Sehiri, El Agua da espanhola Helena López Riera ou Cesária Évora da portuguesa Ana Sofia Fonseca.
Conversas, música, exposições, oficinas, visitas guiadas, passeios nocturnos e uma maratona de filmes infantis completam o cartaz.