Suba à montanha e siga o cheiro a pão acabado de fazer em Videmonte
A aldeia no coração da serra da Estrela convida-nos a viver mais uma edição do Festival Pão Nosso. De sexta-feira a domingo, os fornos comunitários e particulares não vão parar.
As searas de centeio ainda continuam a marcar a paisagem e, acima de tudo, a vida das gentes de aldeia. É aquele cereal que garante o pão à mesa. Cozido em forno de lenha, como manda a tradição. Na aldeia de Videmonte, na serra da Estrela, os saberes e sabores do pão ainda continuam a ser levados muito a sério e, neste fim-de-semana, há uma festa para os celebrar. O Festival Pão Nosso promete uma viagem pelas tradições, com uma pitada de arte e cultura à mistura. O programa arranca já nesta sexta-feira, pelas 20h, com uma festa ao pôr-do-sol no planalto de Videmonte, município da Guarda.
Até domingo, são muitas as actividades que prometem enaltecer o que de melhor esta Aldeia de Montanha tem para oferecer, nomeadamente workshops em que o pão e as novas tendências são explorados, música tradicional e arte na rua, cestaria ao vivo e fornos particulares e comunitários onde se faz pão utilizando o centeio colhido no planalto da serra. As tarefas agrícolas como a rega da horta, a malha e a ceifa do centeio são também experiências nas quais os visitantes podem participar.
Nestes dias de festa as casas da aldeia estão preparadas para serem “pontos de convívio entre todos, habitantes locais e turistas, e onde é possível provar os sabores mais genuínos da região”. “Por toda a aldeia haverá sempre quem cante e toque”, garante a organização do festival, a cargo da Junta de Freguesia de Videmonte, com o apoio do município da Guarda e da Rede de Aldeias de Montanha.
Para esta edição do festival, que pretende ser uma homenagem às vivências comunitárias da aldeia, foi lançado o desafio à ilustradora Margarida Girão para contar, através de fotografia e imagem, as histórias dos rostos que estão por detrás do pão. As suas colagens em fotografia dos rostos de Videmonte vão colorir as ruas desta Aldeia de Montanha, para que todos possam sentir o pulsar das gentes da terra e percepcionar a experiência vivida pela ilustradora no decurso da sua residência artística — a exposição será permanente.
“São dez retratos de pessoas da aldeia que tive a oportunidade de acompanhar ao longo de uma semana”, desvenda Margarida Girão, enaltecendo as experiências que viveu com cada uma delas. “Com a dona Alcina, por exemplo, fui para o campo de centeio com ela e as suas cerca de 200 ovelhas, durante mais de duas horas, a ouvir as suas histórias de vida”, revela a artista, antes de anunciar que saiu de Videmonte “de coração cheio”. “As pessoas são muito hospitaleiras”, assegura.
Basta seguir o cheiro a pão quente
Não será muito difícil, por estes dias, dar com a aldeia de Videmonte, uma vez que “os fornos comunitários e particulares vão estar sempre a trabalhar”, refere Célia Gonçalves, da ADIRAM – Associação de Desenvolvimento da Rede de Aldeias de Montanha. Basta seguir o cheiro a pão acabado de fazer e render-se aos sabores da aldeia — haverá um mercadinho, com vários produtos locais à venda.
A programação do festival — que integra o Ciclo de Festivais de Cultura Popular da Guarda e o Plano de Animação da Rede de Aldeias de Montanha — contempla também o espectáculo de videomapping Ciclo do Pão (sábado, às 21h15), o Baile N’Aldeia (sábado, às 21h30), assim como uma visita guiada à exposição de rua com a ilustradora Margarida Girão (domingo, às 15h30). Destaque, também, para o convite para participar nos trabalhos do campo (sábado, às 19h30), pois é de lá que vem o segredo do pão de Videmonte. “Sem dúvida nenhuma que o segredo está na qualidade do centeio”, exalta Célia Gonçalves. O convite está feito.