Igrejas lisboetas abriram as suas portas às congregações internacionais

Da adoração de relíquias aos encontros de oração, algumas igrejas de Lisboa acolhem comunidades de outros países ao longo da Jornada Mundial da Juventude.

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Jornada Mundial da Juventude traz a Lisboa milhares de jovens de todo o mundo tiago bernardo lopes/Arquivo
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Numa cidade onde, em algumas geografias, há praticamente uma igreja para cada quarteirão, muitas abriram portas às propostas de congregações de outros países, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que começou na terça-feira e termina no próximo domingo.

A Igreja de São Domingos, junto ao Rossio, acolhe todas as tardes orações com membros da comunidade ecuménica de Taizé. Com encontros marcados para as 14h e as 16h, as filas começam a formar-se mais de meia hora antes para participar nas celebrações com os icónicos cânticos (incluindo um pequeno ensaio antes do início) e mensagens repetidas em várias línguas.

Um pouco acima, a Igreja de São Luís dos Franceses foi, efectivamente, “ocupada” pelos franceses. Acolhendo as relíquias de Santa Teresa de Lisieux entre 1 e 4 de Agosto, o templo tem atraído vários visitantes. De manhã, a missa é celebrada pelos dominicanos que pernoutam numa igreja próxima. À tarde, o templo enche-se, de quando em vez, das vozes de um grupo de jovens a cantar em francês.

Na Igreja de São José, no Largo da Anunciada, um cartaz a anunciar a relíquia de São Tomás de Aquino convida à entrada. Mas há também outro chamariz: das 17h às 23h, funciona o Café Francês, cortesia da comunidade dominicana de Toulouse. Aqui, é possível sentar e conversar com os frades sem formalidades, havendo talks programadas para as noites.

No templo, outras conversas têm lugar. A Igreja de São José é um dos centros de confissão da JMJ, a par de locais como o Parque do Perdão, em Belém. Aqui estarão clérigos dominicanos, a ordem dos "Confessores do Papa", alguns dos quais com poder de confessar todos os pecados (algo raro, que cabe por excelência apenas ao chefe da Igreja Católica). Junto aos altares, nas laterais da igreja, as confissões têm lugar em voz baixa mas em tom quase descontraído, em conversas que não poucas vezes terminam com sorrisos.

Nesta JMJ 2023, seria a primeira vez que estariam juntas as relíquias de duas grandes figuras do catolicismo: Maria Madalena, figura do amor, e Tomás Aquino, figura da verdade. "O verdadeiro amor é o amor do bem verdadeiro", explica-nos um dos frades dominicanos de Toulouse sobre a pertinência deste "encontro" de (relíquias de) santos. Alguns constrangimentos burocráticos retiveram, contudo, as relíquias de Maria Madalena em França.

Do outro lado do Rossio, na Igreja de São Roque, os peregrinos são convidados a levar uma “relíquia” desta JMJ. “Que a saudade da JMJ 2023 em Portugal seja uma construção de significados e de símbolos”, lê-se na folha que explica a proposta, sob o mote “Viver a casa comum”.

Com um percurso que transita por quatro locais — Igreja de São Roque, Igreja de Santa Catarina, Convento dos Cardães e o Convento de São Pedro de Alcântara —, a Companhia de Jesus convida a uma espécie de peregrinação, da qual os visitantes podem guardar um bocado de lã, um torrão de sal, um pedaço de cortiça e outro de tecido: quatro “relíquias” sustentáveis para reforçar uma das grandes mensagens de Francisco.

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