Presidente deposto do Níger surge em fotografia pela primeira vez depois do golpe

Mohamed Bazoum encontrou-se com o Presidente do Chade. Junta militar acusa França de se preparar para operação militar de libertação do chefe de Estado deposto.

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O Presidente deposto do Níger, à direita, surge sorridente junto ao homólogo chadiano Facebook de Mahamat Déby
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Cinco dias depois do golpe militar, foi divulgada nesta segunda-feira a primeira fotografia do Presidente deposto do Níger, Mohamed Bazoum, que se julga estar detido no palácio presidencial na capital, Niamey.

Bazoum surge sorridente e aparentemente de boa saúde ao lado do Presidente do Chade, Mahamat Déby, cujo gabinete publicou a fotografia no Facebook. Déby deslocou-se a Niamey para se encontrar com o Presidente nigerino eleito e com o cabecilha dos militares revoltosos, Abdourahmane Tchiani, que se proclamou líder da nova junta militar.

Déby, que no seu país lidera uma junta militar desde a morte do seu pai e anterior Presidente, Idriss Déby, em 2021, explicou que a sua ida ao Níger teve como objectivo “explorar as vias para uma saída pacífica para a crise”. Desconhece-se qual foi o resultado concreto de ambas as conversas mantidas pelo Presidente chadiano.

No domingo, a Comunidade Económica de Desenvolvimento da África Ocidental (CEDEAO) tinha mandatado Mahamat Déby para que encetasse negociações com as partes em conflito no Níger. O bloco regional também exigiu a “libertação imediata” de Bazoum e deu o prazo de uma semana à junta militar para repor a ordem constitucional. Caso contrário, “tomará todas as medidas necessárias”, que “podem incluir o uso da força”.

O Presidente do Chade também se encontrou com o antecessor de Bazoum, Mahamadou Issoufou, que é visto como sendo próximo de Tchiani, que foi chefe da sua guarda presidencial. No Twitter (agora X), o ex-Presidente garantiu que está a tentar “por diversas vias encontrar uma saída negociada para a crise” que permita a libertação de Bazoum “e a reposição das suas funções”.

As ruas de Niamey encheram-se no domingo de manifestantes que gritavam o nome de Tchiani e cânticos como “Rússia, Rússia, Rússia”. Uma multidão concentrou-se junto à embaixada de França e tentou mesmo invadir o edifício.

A antiga potência colonial, que mantém uns 1500 militares no Níger, está no centro da fúria nacional, acusada tanto pelos militares golpistas como pelas forças de oposição de se querer imiscuir na vida política interna do país. Um membro da junta militar, o coronel Amadou Abdramane, acusou o ministro dos Negócios Estrangeiros nigerino, Hassoumi Massoudou, de ter autorizado as forças francesas a atacarem o palácio presidencial para libertarem Mohamed Bazoum.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, que se mantém em contacto telefónico permanente com Bazoum, ameaçou que qualquer ataque a cidadãos ou interesses franceses no Níger teria uma resposta “imediata e intratável”. Além da presença militar, habitam entre 500 a 600 franceses no país e diversas empresas estão lá instaladas, como a Orano, que extrai urânio em três minas.

“Essas ameaças terão como única consequência levar-nos a apelar aos nossos militantes que resistam”, disse ao Le Monde o secretário-geral do principal partido da oposição do Níger, Maman Sani Malam Maman. “A CEDEAO deve deixar-nos resolver os nossos problemas internos. Não vamos tolerar a ingerência de nenhum país estrangeiro nos assuntos nigerinos.”

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