Vasco Cordeiro: “Não há nada como os Açores”
O ex-presidente do Governo Regional dos Açores preside actualmente ao Comité das Regiões Europeu, sendo o primeiro português à frente deste órgão da União Europeia.
Tem Facebook, Twitter, Instagram, TikTok? Já desistiu de alguma rede social? Qual é a que usa mais?
Quase todas, com utilização moderada. É mais um meio de chegar às pessoas.
Tem noção de quantas horas por dia está agarrado ao telemóvel?
O estritamente necessário, para não perder a noção do real.
Em que circunstância desliga ou põe o telemóvel em modo voo?
Quando voo ou o momento o justifica. A norma é estar ligado às pessoas.
Já se arrependeu de alguma coisa que escreveu numa rede social? O quê?
Sendo genuíno, não escrevo a primeira coisa que me vem à cabeça.
Onde conheceu o amor da sua vida? Foi à primeira vista? Ou na primeira conversa de chat?
Nos Açores, numa viagem de avião entre ilhas.
Tem a noção de quantos ex-amigos tem? Cinco? Dez? Ou nunca se zangou com um amigo?
Felizmente não muitos e a classificação implica não chegar às rupturas.
Já se sentiu co-responsável por uma atitude racista ou foi vítima de racismo? Em que circunstâncias?
Quem vive nas ilhas sabe que a diferença faz parte da natureza. Todos contam, todos são importantes.
Alguma vez foi vítima de assédio sexual no local de trabalho por um superior hierárquico?
Não.
Qual é o elogio que menos gosta que lhe façam?
Que sou bonzinho. É que a simpatia por si só não resolve problemas, só entretém.
Apaga as fotografias em que não ficou bem?
Há dias menos bons.
Alguma vez fez alguma figura triste depois de ter bebido de mais?
Triste não, mas, sem exceder limites, pode dar para a cantoria.
Qual é a sua bebida preferida?
São várias, mas para sugerir pode ser a cerveja, os vinhos e os licores dos Açores. Com moderação.
E personagem de romance?
Salvo Montalbano, personagem criada pelo escritor Andrea Camilleri.
Fora de Portugal, qual é o lugar onde se sente em casa? E porquê?
Na Europa das Regiões cujo comité presido, mas não há nada como os Açores.
Qual o melhor conselho que lhe deram na vida?
Nunca desistas!
Em que situações se considera um “chato/a”?
Quando ainda não levei a água ao moinho em coisas importantes.
E corrupção? Já foi abordado ou já abordou alguém para uma cunha? E conheceu directamente casos de suborno com dinheiro?
O caminho é seguir sempre as boas opções para dormir descansado e defender o interesse geral.
Diga, por favor, seis livros (ou mais) que mudaram coisas na sua vida. Explique o porquê de um deles.
A.J. Cronin – As Chaves do Reino; porque, para mim, coloca as coisas em perspectiva no que diz respeito à religião que professo;
José Saramago – Memorial do Convento;
Gabriel García Marquez – Cem Anos de Solidão;
Joseph Lieberman – In Praise of Public Life;
Marguerite Yourcenar – Memórias de Adriano;
Fernando Savater – Política para um Jovem.
Alguma vez fumou? E fumou na cama?
Fumar faz mal à saúde, não interessa o sítio onde se fuma.
Tem noção da época em que os homens homossexuais deixaram de ser chamados “maricas”?
Ainda não deixaram. É coisa que ainda persiste. Nenhuma discriminação negativa é positiva.
Diga o nome de três portugueses vivos que admira (não vale a sua mãe nem o seu pai).
António Guterres, António Sampaio da Nóvoa, Leonor Beleza.
E entre os que já morreram? (idem)
Jorge Sampaio, José Medeiros Ferreira e Natália Correia.
Já teve algum ataque de ansiedade? Em que circunstâncias.
Quem vive numa ilha sabe que não há necessidade de grande ansiedade. O mar é já ali.
E já se sentiu profundamente exausto? Foi burnout?
Uma campanha eleitoral como um dia intenso de governo ou no Comité das Regiões da União Europeia pode levar ao limite, mas burnout não.
O seu ideal de vida é levantar-se às seis da manhã ou prefere deitar-se por essa hora?
Levantar cedo, mesmo com um fuso horário diferente do continente, dá sempre jeito.
Se lhe pedissem conselhos para uma relação amorosa feliz, o que é que dizia?
Cada caso é um caso, a confiança é fundamental.
Costuma usar a expressão “todes” em vez de “todos”? Acha que o acordo ortográfico devia ser mudado para tornar a linguagem mais inclusiva?
A inclusão e o combate às discriminações não se resolvem com palavras.
É vegetariano, vegan, faz alguma dieta especial? Porquê?
A gastronomia açoriana, as mulheres e os homens que produzem e que pescam no nosso mar podem contar com o meu bom garfo, diversificado e com equilíbrio.
A sua vida tem quantas músicas? Quais são?
Muitas, dos Açores a Coimbra, das canções em português às anglo-saxónicas, mas as Ilhas de Bruma arrepiam sempre.
Qual foi o último filme que viu? E qual foi o último de que gostou?
O Menu. O Grand Hotel Budapeste.
Tem um último desejo?
Os desejos não têm fim.