Mortágua insiste na obrigatoriedade de os bancos diminuírem as taxas de juro

O alerta da coordenadora do Bloco de Esquerda surge após ser divulgado que os cinco maiores bancos portugueses alcançaram um lucro conjunto de dois mil milhões nos primeiros seis meses do ano.

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A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua LUSA/PAULO NOVAIS
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Perante os elevados lucros que a banca portuguesa obteve nos primeiros seis meses de 2023, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, voltou a defender a necessidade de implementar medidas que obriguem os bancos a baixar taxas de juro do crédito à habitação. Mariana Mortágua apontou ainda o dedo ao Presidente da República e ao primeiro-ministro, que se têm limitado a pedir "um pouco de simpatia e compreensão" aos bancos.

Foi este sábado divulgado que alguns bancos, como a Caixa Geral de Depósitos e o BCP, ganharam “11 milhões de euros por dia em lucros", começou por referir Mariana Mortágua. E continuou: "Todos os bancos aumentaram estrondosamente os seus lucros. São dois mil milhões de lucros só no primeiro semestre deste ano”.

A bloquista, que falava aos jornalistas a partir de São Gião, onde decorre o acampamento de Verão do partido, referia-se aos valores obtidos pela Caixa Geral de Depósitos (CGD), Millennium BCP, Santander Portugal, Novo Banco e Banco BPI, que, juntos, conseguiram lucros líquidos de 1994 milhões de euros em apenas seis meses.

Os lucros registados resultam do “aumento dos juros dos créditos à habitação das famílias”, pelo que a solução está em obrigar os bancos a abdicar “de uma pequena parte dos seus lucros, permitindo assim baixar as prestações”, defendeu. Na opinião da deputada é necessário “criar medidas que obriguem os bancos a baixar as taxas”, em vez de “colocar os contribuintes a pagar” estes lucros, “subsidiando taxas de juro que são um escândalo”.

Já no início deste mês a bloquista alertava para a necessidade de os bancos serem obrigados a baixar as taxas de juro e a renegociar os empréstimos.

Mariana Mortágua criticou a atitude de Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, que se têm limitado a “pedir aos bancos um pouco de simpatia e compreensão pela vida das pessoas”. Afirmando: “Este é o Portugal em que vivemos. Um país em que os bancos foram limpos com o dinheiro do Estado.”

Um desses casos foi o Novo Banco, que “foi salvo com dinheiro público e agora está a dar centenas de lucros ao seu accionista privado por causa do aumento dos juros, que está a empobrecer a população portuguesa”, completou a bloquista.

Ainda com o foco no executivo de António Costa e a cerca de quatro dias do início da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a coordenadora do Bloco criticou a forma como o Governo tem gerido a preparação do evento da Igreja Católica que irá reunir em Portugal milhares de jovens.

“O Governo não preparou a JMJ. Por um lado, tem feito ajustes directos e contratações em cima da hora, que são muito mais caras e são muito menos transparentes. Por outro, tem gerido os trabalhadores que garantem a segurança das próprias jornadas com o maior autoritarismo, impedindo-os de tirar férias e deslocando-os contra a sua vontade”, disse. Toda esta gestão falhada “deriva da falta de preparação do Governo”, concluiu.

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