PP conquista mais um deputado e deixa Sánchez dependente de um “sim” do Junts

Populares vencem contagem dos votos dos eleitores madrilenos emigrados e dificultam as contas para o PSOE. Partido de Sánchez desvaloriza: “Não muda a situação para formar maiorias”.

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O partido de Alberto Nuñez Feijoó (PP) conquistou mais um deputado e complicou as contas à esquerda espanhola EPA/Lavandeira Jr
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O Partido Popular (PP) conquistou nesta sexta-feira mais um mandato por Madrid no Congresso espanhol, após a contagem dos votos dos eleitores madrilenos residentes no estrangeiro, indicaram fontes do partido ao El País. O PSOE, por seu turno, dá esse lugar de deputado por perdido e não irá contestar o resultado.

A eleição de Carlos García Adanero — o 16.º deputado do PP por Madrid — significa que o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) de Pedro Sánchez fica agora dependente de um voto favorável de pelo menos um dos deputados separatistas dos Juntos pela Catalunha (Junts) para poder formar Governo. Já não basta a abstenção para garantir a investidura de Sánchez.

Os espanhóis foram às urnas no domingo passado e da eleições saiu um cenário de contas complicadas para os dois grandes partidos: o PP de Alberto Nuñez Feijoó foi a força mais votada, conquistando (sabe-se agora, apurados os votos do exterior) 137 mandatos, enquanto o PSOE do ainda primeiro-ministro Pedro Sánchez elegeu 121 deputados.

Nenhum dos dois partidos alcançou sozinho os 176 mandatos necessários a uma maioria absoluta, ficando dependentes de acordos pós-eleitorais difíceis ou virtualmente impossíveis. O partido de extrema-direita Vox, parceiro teórico do PP, elegeu apenas 33 deputados, não permitindo uma maioria de direita no Congresso. À esquerda, os 31 deputados do Somar também não garantem uma maioria para o PSOE, que se vê forçado a procurar entendimentos com nacionalistas bascos, catalães e galegos, incluindo o Junts de Carles Puigdemont, que por agora se apresenta equidistante em relação aos socialistas e aos populares.

Até esta sexta-feira, uma possível abstenção do Junts, admitindo um voto favorável das restantes forças nacionalistas, seria suficiente para reconduzir Sánchez na chefia do Governo espanhol. A necessidade de um "sim" de pelo menos um dos deputados eleitos pelo Junts torna a investidura menos provável, reforçando o cenário de uma repetição de eleições ainda em 2023.

Ainda assim, fontes do PSOE citadas pelo El País asseguram que a mais recente conquista do PP em Madrid "não muda a situação para formar maiorias" no entendimento dos socialistas, que aumentam a pressão sobre os catalães: "O Junts terá que decidir se junta forças com o PP e o Vox, e abrem a porta a um Governo de direita com a ultra-direita, ou se se juntam às restantes forças políticas para evitá-lo. Exactamente como ontem", disse um responsável do partido de Sánchez ao diário espanhol.

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