Ao fim de um ano, BCE continua a subir taxas

Pela nona reunião consecutiva, o Banco Central Europeu subiu as suas taxas de juro de referência, desta vez em mais 0,25 pontos percentuais.

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Christine Lagarde, presidente do BCE Reuters/KAI PFAFFENBACH
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Cumprindo as expectativas, o Banco Central Europeu (BCE) voltou esta quinta-feira a subir as suas principais taxas de juro de referência em 0,25 pontos percentuais, em mais um passo na luta contra a inflação que dura já há um ano e que em Portugal está a ter como consequência o agravamento das prestações de crédito das famílias e das empresas.

Foi a nona reunião consecutiva em que os membros do conselho do BCE decidiram subir as taxas de juro. A taxa de juro de depósito do banco central, a principal referência para os custos de financiamento na zona euro e que há um ano se encontrava ainda em -0,5%, passou agora de 3,5% para 3,75%. O seu valor reflecte-se nas taxas de juro Euribor que são usadas como indexante na maioria dos empréstimos em Portugal.

Ao subir as taxas de juro, os responsáveis da autoridade monetária europeia procuram limitar o acesso ao crédito de particulares e empresas, restringindo o investimento e o consumo, na expectativa de que tal possa travar a subida dos preços dos bens e serviços. O objectivo do BCE é trazer a taxa de inflação na zona euro, que superou a barreira dos 10% no final de 2022 e que no passado mês de Junho se cifrou em 5,5%, para o objectivo de médio prazo de 2%.

No comunicado em que anunciou a decisão de voltar a subir as taxas de juro, o BCE repete que “a inflação continua a cair mas ainda se espera que permaneça demasiado alta durante demasiado tempo”.

A subida de 0,25 pontos percentuais já era largamente esperada pelos analistas e já estava assumida em diversos indicadores de mercado, como por exemplo as taxas Euribor. Nas últimas semanas, a presidente do banco, Christine Lagarde, afirmou diversas vezes que uma nova subida de taxas era o cenário mais provável para esta reunião.

A grande dúvida que agora se coloca é saber o que vai o BCE fazer na próxima reunião, agendada para 17 de Setembro. No comunicado, os responsáveis do banco central limitam-se a dizer que os membros do conselho “irão continuar a adoptar uma abordagem dependente dos dados para determinar o nível apropriado e a duração das restrições”. “Em particular, as decisões de taxas de juro vão continuar a basear-se na avaliação do cenário da inflação, tendo em conta os indicadores económicos e financeiros que venham a ser divulgados, a dinâmica da inflação subjacente e a força da transmissão de política monetária”, lê-se no comunicado emitido pelo banco central esta quinta-feira.

O BCE reconhece ainda que “as subidas de taxas de juro já feitas continuam a ser transmitidas de forma forte”. “As condições financeiras ficaram novamente mais apertadas e estão cada vez mais a limitar a procura, o que é um factor importante para trazer a inflação de volta ao objectivo”, afirma.

As atenções viram-se agora para aquilo que irá ser dito por Lagarde na conferência de imprensa marcada para o início desta tarde.

Recentemente, a presidente do BCE tem feito questão de salientar que ainda se estava longe de se poder declarar o fim da batalha contra a inflação, dando a entender que, depois de Julho, novas subidas de taxas de juro ainda podiam estar no horizonte. No entanto, indicadores económicos recentes, dando conta de um maior aperto dos bancos na concessão de crédito e de uma retracção económica mais forte na zona euro e em particular na Alemanha podem fazer com que se assista a uma alteração do tom do discurso de Christine Lagarde.

As expectativas dos mercados em relação ao que irá ser feito pelo BCE em Setembro são decisivas para a evolução durante as próximas semanas de indicadores dos mercados, como as taxas de juro Euribor ou as taxas de juro da dívida pública dos países da zona euro.

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