Mercedes-Benz Classe E, o executivo que também sabe como descontrair
À reconhecida fiabilidade mecânica e ao conforto, a Mercedes-Benz juntou um pacote de tecnologia que transforma tão depressa o Classe E num escritório com rodas como num espaço de entretenimento.
Girar uma chave, rodar uma manivela, puxar uma alavanca e empurrá-la com toda a força, engrenar a mudança no volante. Com delicadeza, que, também nos automóveis, a idade é um posto, como pudemos comprovar ao volante de um Mercedes-Benz 170 DS, de 1953. A voltinha, muito curta, permitiu-nos uma viagem às origens de um modelo que, 70 anos depois, se prepara para a sexta geração de uma família nascida em 1993, mas com similares premissas dos seus antepassados: construção impecável, mecânica fiável e uma boa dose de conforto, a que se juntam pozinhos de luxo e muita, muita tecnologia.
É certo que falamos do Classe E, ou seja, não é o navio-almirante da Mercedes-Benz (essa honra cabe ao Classe S, automóvel de tiques presidenciais). Mas o salto qualitativo de uma geração para a outra é notório a todos os níveis, a começar pela forma como o carro de quase cinco metros (são 4949mm, com notório crescimento no espaço a bordo para todos os ocupantes) se deixa conduzir.
Revela força e potência: no nosso caso, assumimos o volante do plug-in 300e, com um binário de 550 Nm e potência combinada de 313cv, fruto do casamento do motor 2,0 litros, a gasolina de quatro cilindros, com um engenho eléctrico capaz de desenvolver 129cv, apoiado por uma bateria de iões de lítio com capacidade de 25,4 kWh, o que permite circular até 118 quilómetros sem recorrer à mecânica térmica, de acordo com a homologação WLTP. Resultado: no dia-a-dia, um automóvel que acelera de 0 a 100 km/h em 6,4 segundos e que é capaz de atingir uma velocidade máxima de 236 km/h reclama emissões de CO2 na ordem dos 12 g/km.
Mas em Portugal, ainda ao longo deste ano, são esperadas as variantes térmicas, tanto a gasolina como a gasóleo, com o 200 e o 200d. O primeiro propõe 204cv, enquanto o segundo debita 197cv. Em ambos os casos, há um sistema mild hybrid que soma potência e reduz consumos.
Seja qual for a mecânica que lhe dá vida, as credenciais do Classe E apontam sobretudo para um estradista, capaz de proporcionar grandes níveis de conforto em longas viagens — e a inclusão do assistente de ultrapassagem em auto-estrada é prova disso. Até porque já nem precisa que o condutor accione o pisca para iniciar o processo. Basta que o cruise control adaptativo esteja a funcionar e que se encontre um veículo à nossa frente com uma velocidade mais lenta.
Nessa situação, o assistente verifica se há condições de ultrapassagem (requer que haja um separador central e que existam pelo menos duas faixas de rodagem no mesmo sentido), acciona o indicador de mudança de faixa e realiza a manobra com toda a tranquilidade, regressando à faixa de rodagem mais à direita sem qualquer intervenção da nossa parte (e com uma boa sensação de segurança). Ao condutor cabe o direito de cancelar a operação ou assumir os comandos se assim lhe parecer necessário.
E, ao contrário do que se poderia supor (e como pudemos comprovar pelas estradas das montanhas que circundam a cidade de Viena), as curvas não assustam as mais de 2,2 toneladas de carro, sobretudo quando, no caso do 300e 4Matic, é equipado com o pacote opcional Technology que inclui suspensão pneumática Airmatic com ajuste contínuo de amortecimento e eixo traseiro direccional, que acompanha, no mesmo sentido ou em sentido contrário, dependendo de se em velocidade ou a realizar manobras, as rodas dianteiras.
Para quem se preocupa com as sensações de enjoo que tal sistema pode causar a quem se senta no banco traseiro, o Classe E estreia o programa antienjoo de viagem Energizing Comfort, que pode ajudar os passageiros afectados a aliviar os sintomas, nomeadamente através dos sons suaves, da massagem e do uso da cor. No capítulo do bem-estar, destaque para o opcional controlo automático da climatização Thermotronic, que ajusta automaticamente as saídas de ar dianteiras de acordo com o perfil de utilizador.
Já para quem se sente peixe na água dentro de um automóvel, o Classe E chega com uma variedade de coisas para fazer. A partir do banco do lado do condutor, captam-se selfies, trabalha-se a memória com o jogo dos pares ocultos ou até se pode ver um filme. Tudo sem incomodar quem segue aos comandos, para quem o ecrã (opcional) do passageiro se mostra a negro sempre que o carro esteja a rolar. Este ecrã, de 12,3 polegadas, integra o sistema MBUX Superscreen, que inclui ainda um ecrã táctil de 14.4”.
Sempre a aprender
Com o carro estacionado, qualquer pessoa pode usar as aplicações, sendo até possível transformar o Classe E num escritório e ter reuniões via Zoom que, graças à inclusão da mesma câmara que regista selfies, tem disponível a função de vídeo. No entanto, não há só trabalho para desfrutar: o sistema inclui aplicações de entretenimento como o TikTok ou o jogo Angry Birds.
De volta à estrada, o condutor conta com um painel de instrumentação digital de 12,3’’, no seu campo de visão, podendo ainda obter informações de condução ou de navegação nos dados projectados no vidro. A abertura das janelas, o ajuste (eléctrico) dos bancos e a regulação dos retrovisores exteriores são operações disponíveis nas portas, ficando a zona central reservada para a arrumação dos pequenos objectos, numa caixa com tampa ou sob o encosto dos braços, onde se encontram também os suportes para copos.
A experiência a bordo é ainda influenciada pela nova iluminação activa de ambiente, com visualização de som. Quer isto dizer que a música pode ser experienciada através de três sentidos: da audição, inclusive através de tecnologia Dolby Atmos; do tacto, com transdutores de ressonância sonora no sistema de som surround Burmester 4D opcional; e da visão, com uma faixa de luz que se acende ao ritmo da música.
E nem a inteligência artificial ficou de fora desta nova geração, com a Mercedes-Benz a garantir que o automóvel é capaz de aprender com os hábitos dos seus ocupantes, dando automaticamente respostas a situações que incluam circunstância já vividas, criando assim o que a marca chama de programas de rotina (e que também podem ser definidos pelos utilizadores).
O novo Classe E, disponível para encomendas para as variantes 200 e 220d a partir de 15 de Agosto (data em que serão revelados os preços), começa a chegar ao mercado nacional a partir de 23 de Setembro; para o híbrido plug-in 300e será necessário aguardar por 21 de Setembro para conhecer valores, estando as primeiras unidades desta variante previstas chegar no último trimestre do ano. Como referência, o actual modelo é proposto desde 65 mil euros, com o motor 220d; o PHEV custa a partir de 72.750€.