A Graham's lançou 50 caixas de edição limitada dos seus Vintage de 1970 – ano em que a histórica casa de vinho do Porto foi adquirida pela Symington – e 2020 – data do bicentenário da fundação da Graham’s. Cada caixa traz um NFT (sigla anglo-saxónica para a expressão non-fungible token, um bem virtual não fungível), "hospedado na plataforma Club dVIN", como "garantia de autenticidade dos vinhos e uma série de benefícios", explica a empresa em comunicado. Dessas 50 caixas especiais, 44 estão à venda desde esta segunda-feira, em exclusivo nas Caves Graham’s 1890, em Vila Nova de Gaia, 41 caixas por 850 euros e três (contendo uma experiência exclusiva) por 3000 euros.
"Separados por meio século, os Portos Vintage 1970 e 2020 assinalam os 50 anos de gestão da Graham’s pela família Symington, que ainda hoje mantém o compromisso com a excelência que perdura há já 200 anos", escreve a Symington numa nota de imprensa enviada às redacções. O primeiro Porto não está à venda, o que torna a caixa por si só uma raridade. "As 50 garrafas do 1970 libertadas da garrafeira são algumas das últimas disponíveis", explicou fonte da empresa ao Terroir. Já o Graham’s 2020 Porto Vintage custa 225 euros.
E o que é então um NFT? A pergunta ficou no top dez das perguntas mais vezes colocadas pelos portugueses no Google em 2022. A resposta, como muitos internautas saberão já, é que os NFT, inicialmente ligados sobretudo à arte, funcionam como um certificado que concede direito exclusivo sobre algo único.
Da arte digital para os vinhos foi um saltinho. Basta pesquisar "wine + NFT" no mesmo motor de busca, para perceber que são várias as ofertas deste género e que já há mais do que uma plataforma dedicada ao nicho dos vinhos premium e de luxo, podemos dizê-lo.
Voltando às caixas da Graham's, o NFT que vem com a edição limitada dos Vintage de 1970 e 2020 posicionada a 850 euros dá direito "a uma alocação de seis garrafas no próximo lançamento de Porto Vintage Clássico da Graham’s" – no fundo, quem comprar a edição especial com o NFT está a reservar o "futuro vinho" e a garantir que poderá comprá-lo a "preço en primeur", detalha a Symington – e a "seis visitas guiadas, com prova de vinhos do Porto" da casa, que o detentor do NFT pode oferecer.
Três das 44 caixas agora à venda nas caves da empresa são ainda mais especiais. Por 3000 euros, para além do acima descrito, incluem ainda "uma visita privada para quatro pessoas à Quinta dos Malvedos, principal propriedade da Graham’s" no Douro. "O dia incluirá uma visita guiada às vinhas e à adega, seguida de prova e almoço no terraço da casa da família, que não é aberta ao público", detalha a Symington em comunicado.
Nos próximos meses, a Graham's disponibilizará outras cinco caixas desta edição limitada na WineChain, outra plataforma dedicada a NFT de vinhos. E uma será doada para o leilão dos prémios The Golden Vines, uma iniciativa da Fundação Gérard Basset que tem vindo a afirmar-se como os Óscares do vinho (em 2023, o evento será em Paris).
A primeira empresa a lançar um vinho português em plataformas de NFT foi a Van Zellers & Co, que em Junho colocou na WineChain algumas garrafas do seu Porto Vintage Van Zellers & Co 2020, de entre as 102 que estagiaram seis meses no mar, submergidas ao largo de Sines. Naquela plataforma foram vendidas "três garrafas" daquele vinho do Porto, que a Van Zellers "posicionou a 1000 euros", conta Francisca Van Zeller. A oferta, destinada "ao consumidor final e a investidores", esteve online poucos dias. As restantes garrafas voaram, através da venda directa a distribuidores em território nacional mas também no Canadá, Áustria, Finlândia, Taiwan e Suíça.