Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês afastado do cargo após ausência de um mês

Apenas sete meses depois de tomar posse, Qin Gang foi substituído pelo seu antecessor, Wang Yi. Pequim refere “motivos de saúde” mas não dá pormenores sobre desaparecimento e afastamento.

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Qin Gang foi embaixador da China nos EUA entre 2021 e o início de 2023 Reuters/THOMAS PETER
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Um mês volvido da sua última aparição no espaço público, a 25 de Junho, num encontro com diplomatas da Rússia, do Vietname e do Sri Lanka, em Pequim, Qin Gang foi afastado na segunda-feira do cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China, revelou esta terça-feira a televisão estatal chinesa CCTV, num breve comunicado.

Para o seu lugar foi escolhido Wang Yi, o homem que ocupou o cargo entre 2013 e 2022, e que, em Dezembro do ano passado, passou precisamente a pasta a Qin Gang, para assumir o posto de director do Gabinete da Comissão Central dos Assuntos Externos do Partido Comunista Chinês (PCC).

Segundo o South China Morning Post, a decisão de afastar Qin, de 57 anos, e de reconduzir Wang, de 69, foi confirmada numa sessão extraordinária do Comité Permanente do Congresso Nacional do Povo, convocada depois de o poderoso Politburo do PCC ter tomado essa decisão.

Os motivos da substituição ainda não são conhecidos e, sobre o desaparecimento de Qin – que em Março foi nomeado conselheiro estatal, um importante cargo no órgão executivo do Governo chinês –, Pequim apenas tem falado em questões relacionadas com “motivos de saúde”, sem dar mais pormenores. Situação que apenas tem contribuído para o aumento da especulação e para enfatizar a falta de transparência nos processos de tomada de decisão do regime encabeçado por Xi Jinping.

“As actividades diplomáticas da China estão a desenvolver-se normalmente”, respondeu a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Mao Ning, na semana passada, quando questionada sobre o paradeiro do ministro, de acordo com o SCMP.

A nomeação de Qin, ex-embaixador da China nos Estados Unidos (2021-2023) e antigo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros (2018-2021) para a chefia da Diplomacia chinesa, há sete meses, foi vista pelos analistas como uma jogada de Pequim para demonstrar disponibilidade em reduzir as tensões com Washington e tentar reparar os danos reputacionais da sua controversa política de contenção da covid-19 (“covid zero”).

Em meados de Junho, Qin Gang recebeu, inclusivamente, o seu homólogo dos EUA, Antony Blinken, em Pequim, para dar conta dessa intenção de “reverter a espiral negativa nas relações sino-americanas”.

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