Grécia levou a cabo a maior operação de retirada de pessoas por causa de um incêndio
Mais de 20 mil pessoas foram retiradas da zona leste e sudeste da ilha de Rodes por causa de um incêndio que lavra há uma semana. “Pensei que ia morrer. Parecia o inferno na terra”, diz uma turista.
Mais de 20 mil pessoas tiveram de ser retiradas de emergência de localidades e resorts turísticos face ao avanço de um incêndio de grandes proporções que lavra na ilha grega de Rodes, no Mediterrâneo, há quase uma semana. Trata-se da “maior operação” de retirada de população por causa de um incêndio na história da Grécia, de acordo com o porta-voz dos bombeiros gregos, Iannis Artopoios.
Uma turista britânica, Becky Mulligan, contou ao Independent que chegou a temer pela vida quando ela, a filha de cinco anos e a irmã de 20 anos foram forçadas a fugir do hotel, no resort Kiotari, na costa sudeste da ilha de 125 mil habitantes, que faz parte do arquipélago do Dodecaneso. “Pensei que ia morrer. Parecia o inferno na terra”, confessou.
Amy Leyden, também britânica, contou à Sky News a experiência “terrível” que passou com a filha de 11 anos. “Caminhávamos às duas da manhã pela estrada com o fogo no nosso encalce. Não pensei que pudéssemos escapar.”
Milhares de turistas tiveram de abandonar os seus hotéis devido ao avanço do fogo, muitos deles retirados em embarcações a partir da praia, por causa do avanço do incêndio na ilha, um popular destino turístico, desde há quase uma semana.
Com ventos de mais de 30 quilómetros por hora previstos para segunda-feira, os bombeiros lutavam este domingo em contra-relógio para conseguir conter as chamas de modo a evitar um recrudescimento do incêndio. Mais de 250 bombeiros combatem as chamas, auxiliados por 49 veículos, dez aviões Canadair e oito helicópteros.
Navios da guarda mobilizados
O Governo grego afirma que retirou três mil pessoas por mar, para o qual foram disponibilizados três navios da guarda costeira e um do Exército para embarcar pessoas a partir de duas praias. Embarcações privadas também participaram na operação de resgate.
Ian Murison garantiu ao mesmo canal que era como se fosse “o fim do mundo”. Segundo este turista britânico, que foi levado num navio para a principal cidade da ilha, situada na costa norte e que tem o mesmo nome da ilha, Rodes, a cena na praia foi caótica, com muita gente a tentar subir para os barcos ao mesmo tempo.
Os turistas foram levados para pavilhões e centros de atendimento, mas muitos tiveram de passar a noite ao relento. Um casal escocês de Kilmarnock contou à BBC que dormiu num colchão na rua, depois de o hotel onde estavam instalados ter sido evacuado. Mas houve quem tivesse de dormir no chão sobre cartões.
Com as companhias aéreas Jet2 e TUI a cancelar todos os voos para Rodes até segunda-feira, muitos turistas ficaram num limbo sem saber o que fazer.
O vice-presidente da câmara de Rodes, Thanasis Virinis, adiantou ao canal de televisão Mega, citado pelo site em inglês do diário Kathimerini, que a ilha não tem recursos suficientes para atender aos afectados. “Temos entre quatro mil e cinco mil pessoas alojadas actualmente em diferentes estruturas”, explicou, “só temos água e alguma comida básica. Não temos colchões nem camas”.
As autoridades também se viram obrigadas a retirar as pessoas de três aldeias, Pefki, Lindos e Kalathos, num total de mais 1200 pessoas a precisar de ajuda, para juntar às 19 mil. No entanto, o jornal Le Monde coloca o total de pessoas retiradas das zonas de perigo em 30 mil.
Konstantin Dimoglidou, porta-voz da polícia, mostrou-se optimista em relação à operação de retirada das pessoas das zonas mais perigosas. “Tudo correu bem. Toda a gente, sobretudo os turistas, cumpriu o que tínhamos ordenado”, disse, citado pelo Le Monde.
O incêndio de Rodes é alimentado pelo Verão escaldante que se vive na Europa e as altas temperaturas na zona do Mediterrâneo, onde têm sido batidos recordes de calor.
Aliás, as previsões de altas temperaturas têm até desviado turistas da zona do Mediterrâneo. De acordo com a European Travel Commission, o número de pessoas com vontade de viajar para a região mediterrânica entre Junho e Novembro diminuiu 10% em relação ao ano passado.