Rússia detém Igor Guirkine, crítico do Kremlin condenado pelo abate do voo MH17 da Malaysia Airlines

Guirkine assumiu várias vezes ter vontade de ir para a linha da frente na Ucrânia, enquanto criticava o Kremlin e o Ministério da Defesa, as Forças Armadas e o grupo Wagner.

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Igor Guirkine, ex-agente do FSB, combateu pelo Donbass em 2014 e assumiu querer voltar para a linha da frente na Ucrânia Reuters/MAXIM SHEMETOV

O ex-agente dos Serviços Federais de Segurança da Rússia (FSB) Igor Guirkine​, condenado pela justiça pelo abate do voo MH17 da Malaysia Airlines em 2014 no Leste da Ucrânia, e que recentemente se tornou crítico do Kremlin, foi detido esta sexta-feira na Rússia.

A esposa, Miroslava Reginskaya, confirmou a detenção e explicou que Guirkine​ foi acusado "de acordo com o artigo 282.º do Código Penal da Federação Russa", que inclui o crime de "actividades extremistas".

O advogado de Guirkine​, Alexander Molojov, também confirmou a detenção do seu cliente por funcionários do Comité de Investigação do Gabinete do Procurador-Geral da Rússia.

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, Guirkine​ tinha repetidamente declarado a sua vontade de ir para a zona de combate, ao mesmo tempo que criticava o Kremlin e o Ministério da Defesa, bem como o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Valeri Guerasimov, e o fundador do grupo Wagner, Yevgeni Prigozhin.

Em Novembro do ano passado, o tribunal distrital de Haia, nos Países Baixos (que assumiu a jurisdição sobre o abate do voo MH17, dado que 193 das 298 vítimas mortais tinham nacionalidade holandesa), considerou Guirkine culpado pelo ataque, além do cidadão russo Serguei Dubinski e o cidadão ucraniano Leonid Jarchenko, e condenou os três a prisão perpétua.

O voo da Malaysia Airlines, que viajava de Amesterdão para Kuala Lumpur, foi atingido por um míssil quando sobrevoava o Leste da Ucrânia, numa altura de escalada dos confrontos entre tropas ucranianas e milícias separatistas pró-Rússia (com quem Guirkine​ colaborava).

Num dos mais recentes desenvolvimentos do caso, em Fevereiro passado, a Procuradoria holandesa anunciou ter indícios de que o Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou o fornecimento às forças separatistas pró-Rússia do sistema de defesa antiaérea usado para disparar um míssil contra o avião.

O Kremlin já anunciou que “não aceita os resultados” da investigação levada a cabo pelas autoridades internacionais e desvinculou-se de qualquer responsabilidade, denunciando uma politização do processo.