Renault Clio renova-se mais equipado, sofisticado e poupado (até no preço)
A poupança é uma das premissas da actualização de meio de vida do Clio de quinta geração: reduz nos consumos, nas emissões e até no preço. Isto sem descurar performance nem comodidades.
Mais de 16 milhões de unidades vendidas, duas vezes Carro do Ano Internacional (em 1991 e 2006) e, em Portugal, um dos carros mais vendidos desde o seu lançamento, tendo segurado o primeiro lugar do pódio ao longo de seis anos consecutivos (a marca esteve 23), até 2021, quando foi destronado pelo Peugeot 2008, que se mantém na liderança desde então.
A importância do Clio para a Renault não é, por isso, de desprezar. E, no meio daquilo que chama uma Renaulution, ou seja, uma revolução na marca, com outro olhar para a forma como se quer afirmar em estrada, o modelo é um marco importante, depois do Austral, que conquistou prémios vários, Carro do Ano em Portugal incluído, e do Espace, recentemente apresentado em terras lusas.
O Renault Clio passa, assim, a adoptar a linguagem de design sob o cunho de Gilles Vidal, com uma grelha axadrezada, que lhe confere um toque desportivo, e que, neste caso específico, graças a um jogo de cores (mais escuro no centro, em torno do losango, em cromado acetinado e escovado na frente, que vai clareando até às extremidades), remete ainda para um universo tecnológico. E com direito a estreia: a assinatura luminosa destaca-se pelas luzes diurnas, em LED, que, na vertical, formam uma metade de um losango. Já os faróis, também em LED em todas as versões, apresentam-se mais esguios e com até cinco feixes de alta tecnologia que adaptam, automaticamente, a distribuição da luz entre médios e máximos. Os acabamentos superiores incluem ainda um pequeno deflector aerodinâmico sob a grelha, para o qual a marca procurou inspiração no universo do desporto automóvel.
Na traseira, destaque para a renovação do pára-choques com as saídas de ar aerodinâmicas a alargarem visualmente o automóvel e para os farolins, agora com coberturas transparentes que permitem vislumbrar o interior.
A actualização do modelo também tinha de passar por uma nova vida tecnológica e o Clio passa a ser proposto sempre com painel de instrumentos digital, de 7 ou de 10 polegadas, sendo que o último é capaz de replicar os mapas de navegação, adaptando os mostradores ao modo de condução e à definição Multi Sense seleccionada. No capítulo da conectividade, o Renault Easy Link, um portal multimédia que permite aceder a um vasto leque de aplicações, como a navegação, a manutenção proactiva e o infotainment, é disponibilizado num ecrã de sete ou num de 9,3’’ (de série no novo nível de equipamento Esprit Alpine).
Por fim, o Clio mantém-se firmemente adepto de ter propostas para todas as necessidades, com uma gama que inclui mecânicas a gasolina (TCe 90), a gasolina e GPL (TCe 100), a gasóleo (DCi 100) e, desde 2020, uma E-tech full hybrid, trabalhada para passar a oferecer mais potência (de 140 para 145cv) e, consequentemente, melhor performance (acelera agora de 0 a 100 km/h em 9,3 segundos em vez dos anteriores 9,9) sem prejudicar consumos nem emissões, que se mantiveram nos 4,2 l/100km e nos 95 g/km — e, num percurso misto nos arredores de uma cidade movimentada como Bruxelas, pudemos comprovar a poupança, com uma média de 4,1 l/100km.
Mais barato
Com a renovação de meio de vida da quinta geração, as versões de equipamento também foram revistas. A gama começará no Evolution, subindo depois para o Techno e para o novo Esprit Alpine. Para já, é apenas os dois últimos que estão disponíveis para configurar e encomendar (os carros começarão a chegar no Outono), mas já permite atestar o que a marca disse desde o início: que este Clio chegaria mais barato do que o anterior. A versão Techno vende-se desde 21.400€* e a Esprit Alpine a partir de 23.700€, quando servidas pelo TCe 90, o que representa uma poupança de quase 1500 euros face à gama anterior. E, frisa a Renault Portugal, qualquer uma das versões (a topo de gama substitui a descontinuada RS Line) traz ainda mais equipamento, sobretudo no que diz respeito aos assistentes ao condutor.
Ao todo, há uma vintena de auxiliares de condução, estacionamento e segurança, entre os quais se destacam a assistência activa ao condutor — que combina o cruise control adaptativo, função de paragem e arranque automáticos e manutenção na faixa de rodagem —, a câmara com visão a 360 graus e a travagem activa de emergência com sensores para ciclistas e peões.
No interior, destaque para a decisão de banir materiais de origem animal. No caso do topo de gama, os bancos são fabricados com materiais sustentáveis, incluindo um tecido que é 72% PET (polietileno) reciclado, no assento e nas costas, e um tecido granulado que é 13% reciclado nas laterais do assento. Já na versão Techno, os painéis das portas e o tablier são revestidos por um tecido que inclui até 60% de fibras modais da marca Tencel, uma fibra celulósica, de base biológica.
Disponível em sete cores — Branco Glacier, Preto Star, Cinzento Shale, Azul Iron, Vermelho Flame, Laranja Valência e Cinzento Rafale —, as jantes podem ser de liga leve e apresentarem até 17 polegadas de diâmetro e, entre a lista de equipamentos, há uma série de comodidades, como o ar condicionado automático ou o carregador de smartphone sem fios.
Em termos de habitabilidade, o Clio, como carro de segmento B que é, continua a ser mais amigo de quem se senta à frente, mas uma viagem com o banco traseiro ocupado consegue-se fazer com algum esforço (a não ser que se trate de crianças pequenas, e aí não há qualquer incómodo). A mala arruma até 391 litros, que pode crescer até aos 1069 litros com a segunda fila de bancos rebatida; o híbrido apresenta uma arrumação mais acanhada, mas ainda assim interessante (301 litros).
* na edição da Fugas de 22-07-2023, apenas se faz referência à versão Esprit Alpine, que era a única disponível à hora de fecho