Pizarro diz que SNS “não vacila e não desiste”, PSD critica “propaganda cor-de-rosa”
Ministro da Saúde lembra que “SNS está a viver a mais profunda alteração orgânica em quatro décadas de existência” e que isso “leva tempo”.
Para atestar que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) “não vacila e não desiste" apesar estar “hoje sujeito a um esforço especial”, e responder à miríade de críticas dos deputados no debate sobre o estado da nação, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, vinha preparado com uma autêntica bateria de indicadores e de dados que, enfatizou, apontam para o crescimento constante do investimento e dos resultados neste sector, desde que o PS está no Governo. Um cenário diametralmente oposto ao traçado pela oposição, que acusou o ministro de fazer um balanço de “propaganda cor-de-rosa”.
Desde 2015, enumerou Manuel Pizarro, há “mais 30 mil profissionais no SNS, um crescimento de 26%”, o orçamento aumentou “56%” 1 passando “de 7,9 mil milhões de euros [em 2015], para 12,3 mil milhões de euros [este ano]" —, e 2022 foi o “maior ano de sempre” no número de consultas nos centros de saúde e nos hospitais e também no total de cirurgias.
Lembrando que “o SNS está a viver a mais profunda alteração orgânica em quatro décadas de existência”, com a criação da Direcção Executiva, o ministro assegurou que o Governo está “comprometido” com o reforço do serviço público. Um compromisso que, especificou, está patente na “efectiva prioridade” atribuída “à promoção da saúde”, na conclusão da reforma dos cuidados de saúde primários — com a generalização das unidades de saúde familiar de modelo B até ao final do ano, o que permitirá “dar médico de família a mais de 200 mil portugueses” —, na reforma da saúde mental em curso — que prevê a criação e 40 equipas multidisciplinares graças às verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Verbas que vão permitir ainda o aumento, de 9500 para 15 mil camas, da rede de cuidados continuados.
Depois de percorrer o mapa dos investimentos planeados ou já em curso para a construção de novos hospitais, Pizarro recordou também a aposta na saúde oral — com a planeada criação de 150 novos gabinetes de medicina dentária nos centros de saúde até 2026 —, e as medidas de simplificação já lançadas, como a emissão automática de baixas até três dias e a dispensa de alguns medicamentos hospitalares em farmácias de rua. "Durante anos pediram-se intervenções sistémicas e não apenas conjunturais. É o que estamos a fazer. Leva tempo? Sim, mas está a acontecer”, rematou.
Um cenário oposto ao traçado pelo deputado do PSD Rui Cristina, que contrapôs aos números do ministro os dados que comprovam a "falta de médicos” — há "menos milhão de pessoas com médico de família" desde 2015 —, e destacou “as más condições de trabalho no SNS” e “as listas de espera para consultas e cirurgias”. “Este não é o balanço da sua propaganda cor-de-rosa, mas da triste realidade que os portugueses vivem e enfrentam”, concluiu Rui Cristina.
Voltando ao baú dos indicadores, Pizarro retorquiu frisando que a mortalidade infantil em 2022 foi de 2,6% — e “nunca foi tão baixa” em governos PSD — e sublinhou que a contratação de médicos no estrangeiro será concretizada "nos mesmos termos" usados pelo PSD em 2012, quando Pedro Passos Coelho era primeiro-ministro.
Já em resposta às críticas do deputado João Dias (PCP) ao plano de funcionamento rotativo de blocos de partos e ao envio de grávidas para hospitais privados, revelou que, desde o início do ano, estão a nascer "mais sete bebés" por dia nos hospitais públicos do que no mesmo período do ano passado. Garantiu também que mantém "toda a confiança" na presidente do conselho de administração do Hospital de Santa Maria, para esclarecer as dúvidas formuladas pela deputada Isabel Pires (BE), que quis saber se Pizarro tencionava ou não manter Ana Paula Martins no cargo.