Frans Timmermans, líder do Pacto Ecológico Europeu, quer chefiar governo dos Países Baixos

Político neerlandês anuncia a sua disponibilidade para liderar uma coligação do Partido Trabalhista com os Verdes nas eleições legislativas de Novembro.

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Timmermans com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen EPA/STEPHANIE LECOCQ
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O principal vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, responsável pela ambiciosa proposta de redução da dependência do carbono nos países da União Europeia ao longo das próximas décadas, vai abandonar as funções europeias para se candidatar a primeiro-ministro dos Países Baixos nas eleições legislativas de 22 de Novembro.

A notícia foi avançada nesta quinta-feira pelo jornal neerlandês de Volkskrant e confirmada pelo próprio Timmermans em declarações à televisão do país.

“Esta manhã, comuniquei ao Partido Trabalhista e aos Verdes que gostaria de ser o seu candidato nas próximas eleições”, disse o responsável.

“Quero ser primeiro-ministro, porque considero ser possível fazer política de uma forma diferente daquilo que tem acontecido nos últimos anos, e que podemos construir uma sociedade mais justa, em que os mercados [financeiros] servem as pessoas e não o contrário.”

Timmermans, de 62 anos, é uma figura muito conhecida e popular nos Países Baixos, principalmente entre o eleitorado de centro-esquerda.

A sua candidatura pela coligação do Partido Trabalhista (o seu partido desde 1990) e os Verdes — que terá ainda de ser ratificada pelas duas formações — pode fazer subir ainda mais as intenções de voto numa alternativa de centro-esquerda ao domínio dos liberais do primeiro-ministro demissionário, Mark Rutte, e ao crescimento dos eurocépticos do Movimento dos Cidadãos Agricultores (BBB, na sigla original).

Segundo as duas sondagens publicadas nos Países Baixos depois do anúncio da demissão de Rutte, há quase duas semanas — e antes do anúncio da candidatura de Timmermans, nesta quinta-feira —, a coligação trabalhistas-verdes teria entre 25 e 28 lugares no Parlamento neerlandês, contra 25 do Partido para a Liberdade e a Democracia (VVD, liberal do centro-direita) e contra os 21 a 25 parlamentares do BBB.

Numa outra sondagem, publicada nesta quinta-feira, 39% dos inquiridos dizem que confiam em Timmermans para ser o próximo primeiro-ministro dos Países Baixos — uma hipótese que está longe de ser um cenário provável devido ao sistema eleitoral do país e às suas múltiplas possibilidades de coligações governamentais e apoios de incidência parlamentar.

Em funções

Ministro dos Negócios Estrangeiros dos Países Baixos entre 2012 e 2014 num governo liderado por Rutte, Timmermans vai ser candidato nas primeiras eleições no país, desde 2006, em que o primeiro-ministro demissionário não será líder do VVD.

A concretizar-se, a saída de Timmermans levará, em princípio, à nomeação de um outro neerlandês para a vice-presidência da Comissão Europeia.

Conhecido pela sua experiência negocial no âmbito das discussões sobre o objectivo de neutralidade carbónica na União Europeia em 2050, Timmermans é um poliglota — fala inglês, alemão, francês, italiano e russo, além do neerlandês — cuja saída será de difícil resolução pela liderança da Comissão Europeia.

Um porta-voz da Comissão Europeia, citado pela agência Reuters sob a condição de anonimato, disse nesta quinta-feira que a candidatura de Timmermans à liderança da coligação trabalhistas-verdes “é ainda apenas uma hipótese, sujeita a um processo interno nos partidos”.

“Até à conclusão deste processo, não haverá nenhum impacto na sua disponibilidade como membro da Comissão Europeia, e ele continuará a ser o vice-presidente executivo com o pelouro do Pacto Ecológico Europeu”, cita a Reuters.

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