Altice suspende gestores em Portugal e no estrangeiro

A Altice International revela que já suspendeu trabalhadores em Portugal e no estrangeiro e que está a analisar “opções legais”.

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Patrick Drahi, fundador e presidente do grupo Altice, numa visita a Portugal em 2017 daniel rocha
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O grupo de telecomunicações Altice anunciou esta quarta-feira que “a Altice International e as suas subsidiárias suspenderam de funções vários representantes legais, gestores e trabalhadores, em Portugal e no estrangeiro, enquanto estiver a decorrer a investigação” do Ministério Público às alegadas práticas ilegais de “alguns indivíduos e entidades externas”.

Trata-se do processo conhecido como “Operação Picoas”, em que se investigam suspeitas de crimes de corrupção no sector privado, fraude fiscal agravada, falsificação e branqueamento, e em que foram já constituídos quatro arguidos: o co-fundador da Altice Armando Pereira, o seu parceiro de negócio Hernâni Vaz Antunes, a filha deste, Jéssica, e um dos seus colaboradores próximos, Álvaro Gil Loureiro.

Na segunda-feira ficou a saber-se que o anterior presidente da Altice Portugal Alexandre Fonseca tem as suas funções internacionais no grupo suspensas, embora tenha dito na conta da rede social LinkedIn que a decisão foi sua.

Segundo o Ministério Público, o gestor é suspeito de ter recebido vantagens indevidas de 380 mil euros de Hernâni Vaz Antunes.

Na manhã desta quarta-feira, num comunicado atribuído à Altice International, que agrega as operações em Portugal, Israel e República Dominicana (existem ainda a Altice France e a Altice USA), o grupo liderado por Patrick Drahi adianta que está a cooperar inteiramente com as autoridades portuguesas.

Além disso, a Altice International salienta que, de acordo com os investigadores, a Altice Portugal e as suas subsidiárias são vítimas neste processo, pelo que se estão a avaliar, em conjunto com conselheiros jurídicos, os próximos passos para lidar com esta situação.

“Todas as opções legais serão consideradas, em todas as jurisdições”, refere o comunicado divulgado praticamente uma semana depois das buscas realizadas à sede da empresa em Portugal.

Apesar de há muito ser conhecida a proximidade de Hernâni Vaz, por intermédio de Armando Pereira, da Altice Portugal, e de ser notória a existência de diversos fornecedores com ligação ao empresário de Braga, só agora, que se tornou pública a investigação do Ministério Público, parecem ter soado os sinais de alarme no grupo Altice.

A Altice International e as suas afiliadas “lançaram imediatamente uma investigação interna em Portugal e outras jurisdições” e estão “a rever e reforçar os procedimentos relacionados com contratação, pagamentos, ordens de compra e processos relacionados, quer em Portugal, quer ao nível da Altice International, refere ainda o comunicado.

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