Alexandre Fonseca diz-se vítima de “injustiça” e vai “exigir a clarificação” dos factos

Vou “proteger a minha integridade, bom nome e o meu currículo publicamente reconhecido e valorizado”, diz o ex-presidente da Altice.

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A parceria entre Armando Pereira e Hernâni Vaz Antunes prosperou no mandato de Alexandre Fonseca na Altice Nuno Ferreira Santos
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O antigo presidente da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, recorreu à rede social LinkedIn para garantir que “é completamente alheio ao que tem vindo a ser publicamente veiculado” no âmbito da Operação “Picoas”, em que é suspeito de ter recebido vantagens indevidas de quase 400 mil euros para facilitar a montagem de esquemas ilícitos no fornecimento de bens e serviços à empresa durante os cinco anos em que a liderou.

Fonseca, que não é arguido neste processo em que se investigam alegados crimes de corrupção no sector privado, fraude fiscal agravada, falsificação e branqueamento, e em que os principais arguidos são o co-fundador da Altice Armando Pereira e o seu amigo de longa data Hernâni Vaz Antunes (que se encontram detidos a aguardar interrogatório) garante que quer ver todos os factos esclarecidos.

“Irei exigir a clarificação de todos os factos e, assim, proteger a minha integridade, bom nome e o meu currículo publicamente reconhecido e valorizado”, refere Alexandre Fonseca que na segunda-feira suspendeu as suas funções no grupo Altice, em que partilhava a gestão executiva com outros dois próximos de Patrick Drahi (o fundador e principal accionista do grupo), nomeadamente o filho deste, David Drahi, e o responsável pelas finanças do grupo, Malo Corbin.

Fonseca era ainda presidente da administração da Altice Portugal (cuja gestão executiva é liderada por Ana Figueiredo) e da Altice USA, onde o Ministério Público suspeita que também chegaram as actividades empresariais ilícitas dos arguidos.

“Com esta decisão [de afastamento] pretendo de forma inequívoca proteger o Grupo Altice e todas as suas marcas em todas as geografias mundiais de um processo que é público onde, aparentemente, são indiciados actos a investigar ocorridos no período em que exerci as funções de presidente executivo da Altice Portugal”, escreve Alexandre Fonseca.

“Tenho muito orgulho no que construí e desenvolvi na minha vida pessoal, familiar e profissional, nomeadamente, em Portugal e no Grupo Altice”, diz ainda Alexandre Fonseca, que cita Martin Luther King – “a injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo o lugar” – para se dizer uma vítima neste processo.

Entre 2017 e 2022, período em que o gestor esteve à frente da antiga PT, as empresas de Hernâni Vaz Antunes facturaram cerca de 600 milhões de euros em negócios com a Altice, segundo o Ministério Público. Os investigadores acreditam que os ganhos de Antunes foram sendo partilhados com Armando Pereira, que facilitou o acesso do amigo à empresa que a Altice comprou em 2015.

Alexandre Fonseca, que já foi presidente da Oni, outra empresa que a Altice deteve em Portugal antes de comprar a antiga Portugal Telecom diz ter “disponibilidade total para que, o mais rapidamente possível”, a verdade “seja devidamente apurada e reposta”.

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