Uma final de Wimbledon entre os melhores do mundo
Carlos Alcaraz, número um no ranking mundial, e Novak Djokovic, detentor de 23 títulos do Grand Slam, são os protagonistas do derradeiro encontro de domingo.
Era a final mais desejada, mais provável e nem por isso menos interessante. De um lado, Carlos Alcaraz, o líder do ranking mundial e, do outro, o campeoníssimo Novak Djokvic que procura elevar o seu notável registo para 24 títulos do Grand Slam e vai disputar a 35.ª final de um major, um novo recorde no ténis mundial. O cartão de visita de Alcaraz é mais modesto: é o terceiro tenista neste século a disputar várias finais de majors antes de completar 21 anos.
A maior experiência de Djokovic foi bem visível na meia-final que o opôs a Jannik Sinner. O italiano de 21 anos dispôs de break-points no primeiro e segundo sets e dois set-points na terceira partida. Mas Djokovic, considerado o melhor a responder ao serviço, anulou todas as seis oportunidades de break do italiano e no jogo decisivo do terceiro set, recuperou de 1/3 para ganhar o 15.º tie-break consecutivo em torneios do Grand Slam.
“Quanto maior for essa série, mais resiliente e duro mentalmente eu sou nessas situações. Nos tie-breaks, sinto-me mais confortável do que o meu adversário, que também sabem desse registo e isso, mentalmente, faz a diferença”, reconheceu Djokovic, depois de vencer, por 6-3, 6-4 e 7-6 (7/4).
O actual número dois do ranking somou 33 winners, incluindo 11 ases, e cometeu 21 erros não forçados para qualificar-se para a final de Wimbledon pela nona vez, quinta consecutiva, e segundo no Grand Slam depois de completar 36 anos – na Era Open, só Ken Rosewall, em 1974, disputou duas finais de majors com essa idade.
Sinner (8.º), que no ano passado ganhou os dois primeiros sets do quarto-de-final com o sérvio antes de perder as três restantes partidas, admitiu que este ano, jogou a um nível mais alto.
“Independentemente do resultado, senti que este ano foi mais equilibrado. O nível foi melhor e isso é algo de positivo para mim. Nos momentos de maior pressão, ele jogou muito melhor, não falhou. Ele é assim”, resumiu Sinner.
No domingo, Djokovic vai defrontar o (muito provavelmente) segundo melhor tenista da actualidade a responder ao serviço. Na segunda meia-final, discutida entre os dois tenistas com mais vitórias este ano no circuito, Alcaraz afastou Daniil Medvedev (3.º), por 6-3, 6-3 e 6-3. Desde 2016, quando Andy Murray venceu Tomas Berdych, que não havia uma meia-final masculina tão desequilibrada.
Com o russo a responder muito atrás, Alcaraz foi ganhando os jogos de serviço confortavelmente, chegando a executar várias vezes a combinação serviço-vólei – considerada já em desuso no circuito masculino. Já o serviço de Medvedev não fazia tanta mossa no espanhol, mais audaz na resposta, e, em menos de hora e meia, Alcaraz liderava com dois sets e um break de vantagem.
Medvedev logrou, finalmente, um break, para reduzir para 2-3, mas voltou a ceder o serviço e após uma série de quatro breaks consecutivos, Alcaraz fechou o encontro e sucede a Djokovic e Rafael Nadal como os mais jovens neste século a disputarem mais do que uma final no Grand Slam.
Na memória de muitos está a meia-final do Torneio de Roland-Garros, há cinco semanas, em que o jovem de Murcia cedeu à pressão do importante confronto com Djokovic e, cheio de cãibras cedeu em quatros sets (6-3, 5-7, 6-1 e 6-1). “É uma final. Não há tempo para ter medo, para estar cansado. Vou tentar e logo se vê”, adiantou Alcaraz.
Entre os dois finalistas há uma diferença de quase 16 anos, a segunda maior na Era Open, a seguir à final de 1974 entre Ken Rosewall (39 anos) e Jimmy Connors (21).
“Aqui, as condições são completamente diferentes, a relva é totalmente diferente da terra batida. Sim, tenho mais experiência em finais do Grand Slam e em Wimbledon. No entanto, ele está em grande forma, muito motivado, é jovem e está esfomeado. Eu também tenho fome, por isso, façamos um festim”, concluiu Djokovic.