Fiat 600e: ícone italiano regressa estilo-SUV para empurrar electrificação
A Fiat quer recuperar o sucesso do seu “carro do povo”, o Fiat 600 dos anos de 1950. Numa versão eléctrica que lembra o Fiat 500X e não esquece la dolce vita. O novo 600e chega a Portugal em Outubro.
Colorido, sustentável, (mais) compacto e muito italiano. Esta é a proposta do novo Fiat 600e que, com pouco mais de quatro metros de comprimento, surge como resposta à crescente oferta de SUV eléctricos de grandes dimensões na Europa. Destina-se a quem procura um eléctrico para toda a família, adequado à vida em cidade.
O regresso da marca de Turim ao segmento B, não esquece, no entanto, o conceito la dolce vita (uma vida doce, de prazeres e luxos), com bancos com funcionalidades de massagem e um habitáculo que simula sessões de cromoterapia na versão de topo. Em ciclo urbano, o alcance chega aos 600 quilómetros entre carregamentos graças a uma bateria de 54 kW (em circuito misto, fica-se pelos 400 quilómetros).
O veículo, que será proposto a partir de 36.350€, foi apresentado no começo do mês na Pista 500, no topo do edifício Lingotto, outrora a Fábrica Italiana de Automóveis de Turim (FIAT), em Turim, Itália. Apesar do preço e do visual, que lembra mais o Fiat 500X em estilo B-SUV, a marca italiana espera que o mais recente modelo seja visto como um novo “carro das pessoas” e das famílias. É dessa forma que o novo eléctrico continua o legado do primeiro Fiat 600 que foi lançado em meados da década de 1950 como uma proposta de veículo mais económico.
“O 600e é uma alternativa para quem procura um carro único para a família. Tem um bom alcance na cidade e muito espaço”, descreveu o líder global da marca Fiat e responsável de marketing do grupo Stellantis, Olivier François, durante a apresentação do 600e. Com uma configuração de cinco portas, o carro vem com uma mala de 360 litros, cinco lugares e quinze litros de arrumação interior adicional.
François falava num palco temporário montado no centro da Pista 500. Em 2023, o espaço apenas permite testes com carros eléctricos ou híbridos, apesar de a península do mediterrâneo ainda não ser o país mais receptivo aos veículos. “Em teoria, o novo 600e é um carro ideal para Itália”, partilhou François. “A Fiat percebe o que as pessoas querem num carro de cidade. Porque a Itália compreende as cidades.”
O que a Itália ainda não compreende, no entanto, são os veículos eléctricos. Dados de Outubro de 2022 da Agência Europeia para o Ambiente (EEV, na sigla inglesa) notam que menos de 20% dos novos carros registados em Itália são eléctricos ou híbridos, um valor abaixo de países como a Alemanha, Noruega, França e até Portugal. A falta de políticas e apoio governamental, juntamente com o preço elevado dos veículos, são alguns dos desafios à adopção dos veículos eléctricos no país.
“Acredito que a França e a Alemanha sejam os maiores mercados para o 600e, porque são países altamente electrificados”, admitiu António Massacesi, que lidera o departamento de novos produtos Fiat, em resposta a questões de jornalistas. “O sucesso do 600e na Itália não depende necessariamente de nós, mas daquilo que a Itália decidir relativamente à transição eléctrica.”
A marca espera adicionar uma variante híbrida do 600e em meados de 2024. Além de Itália, será uma opção mais interessante para mercados como a América do Sul.
La Prima e Red
Por ora, só há a variante eléctrica. Está disponível em duas versões: La Prima, a partir dos 41.350 euros, e a Red, a partir dos 36.350 euros, que a marca descreve como “mais económica” e resulta da parceria com a (RED) uma organização que combate emergências de saúde globais como a covid-19 e a sida.
Por baixo do capô, as duas opções são iguais, com uma potência proposta de 156cv (115 kW) e binário máximo de 260 Nm. O motor é alimentado por uma bateria de 54 kWh, que suporta carregamento rápido (bastam 30 minutos para ir dos 0% aos 80% de carga). Assenta sobre a plataforma modular e-CMP, do grupo Stellantis.
Tirando as cores, o visual também não muda: vermelho, branco ou preto para o Red e tons inspirados na natureza de Itália (sol, céu, terra e mar) para o La Prima. As diferenças surgem nos extras — aquilo que a Fiat vê como a componente la dolce vita do carro.
Na versão de equipamento La Prima, pode-se activar a função de massagem no banco do condutor a meio da viagem, para conduzir de forma mais relaxada, e o porta-bagagem abre com um simples movimento do pé graças a sensores instalados nas traseiras do carro. Ou seja, não há necessidade de parar de transportar malas ou sacos de compras para a abrir.
O habitáculo do La Prima também pode ser personalizado com 64 combinações de luzes com cores diferentes. A Fiat argumenta que este detalhe permite melhorar o humor de quem está no interior do carro via cromoterapia (basicamente, terapia da cor). Por exemplo, cores como o amarelo e o laranja estão associadas a sensações de optimismo enquanto o verde é uma cor que pode ajudar a relaxar.
Talvez a diferença mais relevante sejam mesmo as capacidades de condução assistida nível dois que vêm como padrão na versão de topo e permitem ao condutor largar as mãos do volante em alguns trajectos (mantendo a atenção à estrada), com sensores que ajudam a estacionar e evitar obstáculos.
As encomendas para o novo Fiat 600e abriram na passada quarta-feira, 5 de Julho, com a entrega dos primeiros modelos prevista para Outubro. Os carros serão produzidos na fábrica da Fiat em Tychy, na Polónia, onde já é produzido o Jeep Avenger do grupo Stellantis.
Além do 600e, a Fiat também aproveitou o evento na Pista 500 para apresentar o novo quadriciclo eléctrico, Fiat Topolino. Tal como o 600e se inspira no icónico Fiat 600, o Topolino quer ser o novo "ratinho" das estradas ao estilo do primeiro Fiat 500, com a Fiat a tentar dar novo fôlego aos seus êxitos do passado.
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