Autoridades proíbem manifestações em Paris, protestos marcados para várias cidades
Protesto banido na capital pretendia assinalar a morte de Adama Traoré, há sete anos, pouco depois de ter sido detido pela polícia.
A polícia de Paris proibiu um protesto na capital que pretendia assinalar a data da morte de Adama Traoré, morto aos 24 anos, em 2016, numa esquadra de polícia, pouco depois de ter sido detido.
A polícia de Paris disse que não tinha autorizado a manifestação na Place de la République por causa de um “contexto de tensões”. Na semana passada, houve vários protestos e motins em França na sequência da morte de um jovem, Nahel M., de origem argelina, por um tiro disparado pela polícia. Nahel conduzia um carro sem carta de condução.
O protesto contra a violência policial foi marcado pela família de Adama Traoré, de origem argelina, que morreu pouco depois de ter sido detido, em circunstâncias com algumas semelhanças com as da morte de George Floyd, nos Estados Unidos, em 2020. Inicialmente, a família marcou uma marcha em Beaumont-sur-Oise, o local da morte, que foi proibido pelas autoridades locais, que invocaram um grande risco para a ordem pública. Depois marcou o de Paris, que foi também proibido.
Antes da proibição, figuras de esquerda como a líder parlamentar da França Insubmissa, Mathilde Panot, disseram que iriam juntar-se à manifestação.
Não ficou imediatamente claro se os organizadores iriam contestar a nova proibição das autoridades de Paris, mas estavam entretanto marcados protestos pela morte de Nahel em dezenas de cidades francesas, incluindo Marselha e Estrasburgo.
Um polícia que, segundo o Ministério Público, reconheceu ter disparado um tiro letal contra Nahel está a ser formalmente investigado por homicídio voluntário.
O seu advogado afirmou que o agente tinha como objectivo atingir a perna do condutor, mas foi abalroado quando o carro arrancou, o que o levou a disparar contra o seu peito, e que não tinha intenção de matar o adolescente.
Por outro lado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês negou, este sábado, uma acusação do Comité para a Eliminação da Discriminação Racial da ONU de discriminação racial e uso excessivo da força por parte dos agentes da autoridade franceses.
O organismo das Nações Unidas tinha afirmado na sexta-feira que França deveria fazer da resolução das “causas estruturais e sistémicas da discriminação racial, incluindo na aplicação da lei” uma prioridade.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros respondeu que “qualquer acusação de racismo sistémico ou de discriminação por parte das forças da ordem em França é infundada”.