Di María apresentado na Luz: “Quis voltar a casa para ser feliz outra vez”
Argentino regressa ao Benfica 13 anos depois de ter saído para o Real Madrid. Volta como campeão do mundo
Angel Di María ainda era um miúdo de 19 anos quando chegou a Lisboa. Vinha do Rosário Central, onde já jogava na primeira equipa, o que é sempre um bom indicador, mas a adaptação não foi imediata. Foi progressiva e, três épocas depois, o Benfica sabia que não se tinha enganado ao apostar naquele rapaz franzino. Saiu por bom dinheiro, deixou saudades e andou a viajar pelo mundo. Regressou agora, 13 anos depois, “para ser feliz outra vez” com a camisola 11 do Benfica. E os adeptos ficaram felizes por o voltarem a ver.
Exactamente às 19h04, como prometido, Di María surgiu na varanda que fica por cima da porta 18, onde está a estátua de Eusébio. A apontar para o coração, onde estava o emblema do Benfica, e a saltar ao ritmo dos cânticos das muitas centenas de benfiquistas que o aguardavam.
"Olá a todos, obrigado por virem, estão todos aqui por mim, estou agradecido a todos, ao presidente por me dar oportunidade de voltar a casa, é inexplicável, obrigado a todos por virem aqui", começou por dizer o argentino de 35 anos, que assinou por uma temporada.
Com um discurso sempre interrompido pelos cânticos dos eufóricos adeptos, o novo camisola 11 do Benfica explicou a sua opção pelo clube que representou entre 2007 e 2010.
"Tive muitas propostas, mas tenho muita ilusión e quis voltar a casa, para ser feliz outra vez. Vim com o meu coração. O que realmente sinto é o que senti em 2007, querer trabalhar, lutar e conseguir títulos. Este ano, o Benfica venceu o 38.º título de campeão e, oxalá, no ano que vem sigamos pelo mesmo caminho, o 39.º", concluiu Di María na sua curta intervenção, observado de perto por Rui Costa, seu antigo colega e agora presidente dos “encarnados”.
O Di María que regressa à Luz é bem diferente do que chegou em 2007. Depois de ter saído do Benfica, passou por alguns dos maiores clubes do futebol europeu – Real Madrid (2010-14), Manchester United (2014-15), PSG (2015-2022) e Juventus (2022-23) – e tornou-se num fixo da selecção argentina. Foi, aliás, Diego Armando Maradona quem o chamou pela primeira vez para a “albiceleste” em 2008, ainda quando jogava no Benfica. Foi a primeira de 132 internacionalizações (29 golos) com a Argentina, com quem conquistou a Copa América (2021) e o Mundial (2022), sendo que já tinha sido campeão mundial sub-21 (2007) e campeão olímpico (2008).
De facto, Angel Di María não tem sido nada menos do que um vencedor crónico ao longo da sua carreira. Em Portugal, foi campeão em 2010, a primeira dos "encarnados" com Jorge Jesus e a última das três que o argentino passou na Luz, vencendo também duas vezes a Taça da Liga - no total, foram 15 golos marcados e 26 assistências em 124 jogos.
Depois, no Real Madrid, foi campeão espanhol (2012), venceu duas Taças do Rei (2011 e 2014), uma Supertaça de Espanha (2012) e uma Liga dos Campeões (2012), a única em toda a carreira. No Manchester United, não ganhou títulos porque só por lá ficou uma temporada, mas compensou largamente nas sete épocas em Paris - cinco campeonatos, cinco Taças de França, quatro Taças da Liga e quatro Supertaças. Saiu para a Juventus em 2022, mas também só ficou em Turim uma época, onde foi um dos poucos pontos positivos da "vecchia signora".
Com Di María, o Benfica volta a ter dois campeões do mundo no plantel. Já lá estava Nico Otamendi, que também jogou ao lado de Lionel Messi no Qatar, sendo que também chegou a ter Enzo Fernández durante cinco jogos após o Mundial 2022 e antes de o vender ao Chelsea. E é o segundo reforço confirmado para a nova época, depois do médio turco Orkun Kokçu (ex-Feyenoord), que custou 25 milhões de euros. Isto, sem contar com a renovação do empréstimo de Gonçalo Guedes junto do Wolverhampton e o prolongamento do contrato de Otamendi até 2025, ele que chegou a ser dado como “perdido” para outras paragens.
O argentino será, então, mais uma opção de ataque para Roger Schmidt e deverá integrar já nesta sexta-feira os trabalhos de pré-época no centro de estágio do Seixal, que tinha um ano de existência quando Di María chegou a Lisboa em 2007. E Rui Costa não é o único antigo colega que vai reencontrar em outras funções. Para além do antigo 10 que é agora presidente, Luisão também integra o departamento de futebol e Javi Garcia é um dos adjuntos do treinador alemão.