Greve dos médicos promovida pela FNAM com “adesão elevada”
Concentrações em frente aos hospitais de São João, no Porto, e Santa Maria, em Lisboa, juntaram algumas centenas de médicos. Paralisação estende-se até às 24h de quinta-feira.
A presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fnam), Joana Bordalo e Sá, disse esta quarta-feira, no Porto, que a greve dos médicos de dois dias, que teve início às 0h, por melhores salários, está a ter uma adesão elevada.
"Espera-se que a adesão seja elevada, quer nos centros de saúde, quer nos hospitais, nas cirurgias e nas consultas externas. No entanto os Serviços mínimos vão ser rigorosamente cumpridos", referiu à agência Lusa.
"Tivemos entre a meia-noite e as 8h da manhã basicamente a assegurar serviços mínimos, nos Serviços de Urgência, mas espera-se que a adesão seja elevada, seja nos centros de saúde, seja nos hospitais, seja a todo o nível", declarou à Lusa, acrescentando que os médicos estão revoltados e "querem seriedade em todo este processo", acrescentou a sindicalista.
Segundo Joana Bordalo e Sá, os blocos de urgência do Hospital de São João e de Santos António no Porto, que são serviços mínimos, estão a ser assegurados, mas os blocos de rotina estão "encerrados na sua esmagadora maioria", bem como em Penafiel, em Vila Nova de Gaia, e noutros hospitais do Norte, acrescentou.
"Ainda é cedo para contabilizarmos a questão das consultas, mas temos a informação de que as consultas nos centros de saúde e também nos hospitais está a ser elevada. Vamos conseguir auferir os números mais tarde, mas acima de tudo queremos dizer que isto é uma greve para bem dos utentes e doentes do Serviço Nacional de Saúde".
Esta quarta-feira pelas 9h15 estavam concentradas mais de 100 médicos à frente do Hospital de São João, no Porto, com frases inscritas em cartazes onde se lia por exemplo: "Na defesa da carreira médica é preciso salvar o SNS. É preciso cuidar de quem cuida."
Os médicos também gritaram frases como: "O povo merece o SNS", "Costa escuta, os médicos estão em luta", "A saúde é um direito, sem ela nada feito", "35 horas para todos sem demoras" ou "Médico motivado, SNS Assegurado".
Os médicos iniciaram às 0h desta quarta-feira dois dias de greve, convocada pela Federação Nacional dos Médicos, para exigir "salários dignos, horários justos e condições de trabalho capazes de garantir um SNS à altura das necessidades" da população.
Apesar de as duas últimas reuniões negociais com o Ministério da Saúde estarem agendadas para os dias 7 e 11 de Julho, a Federação Nacional dos Médicos decidiu manter a paralisação, que se estende até às 24h de quinta-feira, face "ao adiar constante das soluções" e "à proposta insatisfatória" que recebeu da tutela, não excluindo uma nova greve nacional na primeira semana de Agosto.
Médicos concentraram-se em frente ao Santa Maria
Cerca de 150 médicos, entre os quais muitos internos, concentraram-se também junto ao Hospital de Santa Maria, Lisboa, ao final da manhã.
A concentração foi marcada por uma canção entoada em uníssono pelos médicos e cuja letra destacava "Manuel Pizarro és muito hábil a falar, mas para salvar o SNS é preciso contratar".
Presente na concentração, Tânia Russo, dirigente da Fnam, não especificou os dados de adesão à paralisação, mas disse que "é elevadíssima".
Segundo Tânia Russo, a greve está a afectar consultas e cirurgias, em hospitais e centros de saúde de todo o país.
Os médicos exibiam autocolantes, com várias mensagens dirigidas ao Governo, como "É preciso cuidar de quem cuida", "É preciso salvar o SNS" e "Sou Médico, Quero condições de trabalho digno".
À luta dos médicos, juntaram-se o dirigente do PCP Bernardino Soares e a líder do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua, que exigiram melhores condições para os médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS).