Investigadores manifestaram-se em Aveiro contra a precariedade na ciência

Entre as palavras de ordem dos cientistas em Aveiro ouviu-se “concursos e mais concursos, não aguentamos mais!” ou a “precariedade mata a ciência”.

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Cientistas protestam para denunciar a precariedade e a falta de respostas do Governo relativas à regularização dos vínculos dos investigadores PAULO NOVAIS/Lusa
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Cientistas protestam em frente à reitoria da Universidade de Aveiro na abertura no Encontro Ciência 2023 PAULO NOVAIS/Lusa
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Cientistas protestam em frente à reitoria da Universidade de Aveiro na abertura no Encontro Ciência 2023 PAULO NOVAIS/Lusa
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A ministra da Ciência, Elvira Fortunato, junto aos cientistas em protesto em Aveiro esta quarta-feira PAULO NOVAIS/Lusa
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O primeiro-ministro, António Costa, e ministra da Ciência, Elvira Fortunato, junto aos cientistas em protesto em Aveiro esta quarta-feira LUSA/PAULO NOVAIS

Cerca de 50 investigadores protestaram esta quarta-feira em Aveiro, onde decorre o Encontro Ciência 2023 com a presença do primeiro-ministro, António Costa, contra a falta de respostas do Governo relativamente à regularização dos vínculos destes profissionais.

O protesto organizado pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof), em conjunto com organizações e núcleos de investigadores de todo o país, aconteceu junto à reitoria da Universidade de Aveiro.

“Concursos e mais concursos, não aguentamos mais! Queremos o mesmo que outros profissionais!” ou “Governo, escuta: a ciência está em luta!” foram algumas das palavras de ordem ouvidas no local. Nos cartazes lia-se “queremos excelência, tratem-nos com decência” ou “precariedade mata a ciência”.

Em declarações à agência Lusa, Miguel Viegas, da Fenprof, explicou que o objectivo desta acção é reivindicar que os investigadores que tenham vínculos precários há vários anos sejam integrados na carreira. “Muitos deles são contratados por projecto e quando acaba o projecto não sabem qual é o seu futuro. Muitos deles foram contratados por seis anos, que estão a acabar, e eles não podem ser condenados a outro ciclo de precariedade”, disse o dirigente sindical.

Os manifestantes reclamam que sejam encontrados “mecanismos” de transferência de verbas para as universidades para que estas possam integrar os investigadores na carreira e dar-lhes “um contrato estável”.

Quatro mil precários

Segundo Miguel Viegas, existem cerca de 4000 investigadores em situação precária em todo o país, o que corresponde a cerca de 90% destes profissionais.

José Moreira, do Sindicato Nacional do Ensino Superior, disse que “não há nenhum sector no país que tenha este número de precários”, adiantando que “estas pessoas têm grandes problemas de saúde mental, porque vivem numa contínua incerteza”.

“Não é razoável que as pessoas não tenham possibilidades de desenvolver um plano de vida e que possam ter a mesma expectativa que qualquer cidadão deste país tem. A investigação científica não pode continuar a viver fora da lei do país, fora da norma do país. Estas pessoas querem ter vidas, têm direito a ter vidas. Portanto, tem que se resolver este problema rapidamente”, concluiu.

Promovido pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, em colaboração com a Ciência Viva e a Universidade de Aveiro, o Encontro Ciência 2023, que acontece pela primeira vez fora de Lisboa, decorre de 5 até 7 de Julho, com o tema Ciência e oceano para além do horizonte.

Além de António Costa, o encontro, que reúne peritos e investigadores de diferentes áreas científicas, conta com a presença dos ministros da Ciência, do Ambiente e da Acção Climática, da Economia e do Mar e da Agricultura e Alimentação e será encerrado pelo Presidente da República.